quinta-feira, 5 de maio de 2016

Cristovam Buarque incerto sobre o voto, depois de não ver ilegalidade

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por Conceição Lemes // http://www.viomundo.com.br/
Na última sexta-feira, 29 de abril de 2016, a reunião da comissão especial do impeachment no Senado foi das 9h28 às 18h52.
Por volta 18h, após a ouvir as razões da defesa da presidenta Dilma Rousseff, feitas pelo Advogado-Geral da União José Eduardo Cardozo, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), afirmou: “Então, se foi isso, de fato, eu não vejo ilegalidade”. 

Isso pode ser comprovado tanto nas notas taquigráficas (abaixo, o trecho) como no áudio da sessão, como atentou nos comentários o nosso leitor FrancoAtirador.
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Entusiasmado, FrancoAtirador comentou:
Cristovam Buarque haverá sido o primeiro Senador com inteligência suficiente para entender que não houve crime de responsabilidade. 
Será mesmo? Ou teria sido só um “sincericídio” involuntário que não resistiria ao cinismo que Cristovam Buarque vem exibindo quando aborda impeachment e golpe na mídia?
Nós entrevistamos o senador sobre a sessão da sexta-feira. Propositalmente, não tocamos no que o ele disse.
Viomundo — O que o senhor achou do debate dessa sexta-feira? A que conclusão chegou?
Cristovam Buarque — Eu não cheguei a conclusão nenhuma. O impeachment, o processo, está limitado apenas dois aspectos [decretos orçamentários, assinados também pelo vice Michel Temer], a dois erros do governo Dilma, e apenas ao ano de 2014, dificulta muito a caracterização de crime.
O debate está muito restrito a dois aspectos apenas das dezenas de erros e crimes, eu digo, da presidente Dilma e apenas um ano dos seus cinco anos e meio de governo.  E isso está dificultando muito debate. Existem argumentos que mostram que houve crime nesse ano de 2014. Mas também existem argumentos de que não houve crime.
Viomundo — O senhor está falando de 2014 ou 2015?
Cristovam Buarque — Desculpe, 2015. Se se pudesse, e o que deveria ser, estudar todos os anos e não apenas 2015 e esses dois aspectos, mas todos os aspectos —  endividamento público vergonhoso, o desemprego, a desorganização geral do sistema energético… Se se pudesse analisar todos os crimes da Dilma, o impeachment ficava muito fácil. E como se está amarrando a um ano… você sabe por que, não é? Porque se botava mais anos, pegava também o Eduardo Cunha. Então no fundo implicitamente ou explicitamente houve um acordo entre a Dilma e o Eduardo Cunha…
Viomundo — Como acordo, não estou entendendo? Dá para ser mais claro?
Cristovam Buarque -- Porque se colocasse além de 2015, também 2014,  poderia se pegar o Eduardo Cunha também.
Viomundo — De que forma?
Cristovam Buarque – Tem coisas do Eduardo Cunha que aconteceram em 2014. Mas como para Dilma só vale 2015 para o Eduardo Cunha também só vale 2015.
Isso foi um acordo entre aspas, foi uma conveniência.

Viomundo — Como “acordo”, conveniência? O senhor está tentando colocar a presidenta Dilma no mesmo patamar que o Eduardo Cunha?
Cristovam Buarque — Não estou dizendo no mesmo patamar. O Eduardo Cunha colocou em benefício da Dilma que o impeachment deveria se restringir a 2015. Foi o Eduardo Cunha. Por coincidência, o fato de se analisasse apenas 2015 para a Dilma deixou-se que para Cunha também se analise apenas 2015. Então, na verdade, é acordo entre aspas, uma coincidência em benefício dos dois ao restringir a análise dos respectivos processos a 2015. E aí complica.
Viomundo — Considerando que o que está posto para ser discutido é 2015, como fica?
Cristovam Buarque — Vai continuar o debate. Alguns achando que é crime, alguns achando que não é. E outros que acham que o processo não deve julgado por aí, mas, sim, politicamente. Se prevalecer a ideia de que é um julgamento político, aí vai se fazer no Senado o que se fez na Câmara. Vai se votar sem grandes análises. O que é um problema. Primeiro, diante da opinião pública que não está entendendo esses crimes. E, ao mesmo tempo, permitindo que a Dilma entre na Justiça depois.
Viomundo — E qual é a sua posição?
Cristovam Buarque — Eu ainda não tenho posição.
A entrevista teve de terminar por aqui. O senador alegou que iria ver Dilma na televisão. E desligou o telefone.

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