Já não há nada que redima a imagem merecidamente destroçada do STF por conta de sua atitude no caso Eduardo Cunha.
Marcar para esta quinta o julgamento de um pedido da Rede de afastamento de Cunha não vai mudar nada.
Graças aos eminentes juízes, Eduardo Cunha teve tempo suficiente para comandar um processo sujo ao fim do qual 54 milhões de votos serão roubados dos brasileiros e uma democracia frágil será interrompida.
Nem como marketing serve este julgamento porque se reforça a suspeita de que a plutocracia deseja agora se livrar de Cunha para que não fique tão escancarada a farsa do impeachment.
Não é sequer o pedido de Janot que será analisado, ele que jaz na desde meados de dezembro passado na gaveta do ministro Teori, o gatilho mais lento do universo.
É um pedido da Rede. E o ponto é este: caso Dilma seja mesmo impedida, o Brasil pode se submeter ao vexame inédito de ter na presidência um réu do Supremo? Isso porque, como presidente da Câmara, Cunha seria o segundo de Temer.
Ora, ora, ora.
Só agora os eminentes ministros do STF atentaram para este detalhe sinistro? Desde que Cunha, por vingança, aceitou o pedido de impeachment, era uma possibilidade fortíssima.
Primeiro porque Cunha domina o Congresso, e então era previsível que ele fizesse que o sim fosse aprovado.
Isto feito, seria ele, Cunha, o segundo do governo Temer.
Qual a surpresa?
Os juízes estavam tão ocupados em julgar coisas como pipoca no cinema e declamar asneiras em latim como interna corporis que não tiveram tempo para pensar na hipótese de um criminoso virar presidente?
Foi preciso que um partido, a Rede, alertasse o STF sobre o fato de que é inconstitucional um ladrão colocar a faixa presidencial ainda que por horas ou dias?
O Supremo de 1964 abençoou o golpe militar.
O Supremo de 2016 fez, na prática, o mesmo.
É tarde demais para alterar essa doída realidade.
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