segunda-feira, 20 de junho de 2016

Mídia impressa segue em sua derrocada. Por José Eduardo Mendonça

por : José Eduardo Mendonça // http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

“No grupo de 18 a 24 anos, quase 30 por cento disseram que a mídia social é sua principal fonte de notícias.”

Dois estudos importantes sobre a indústria da mídia foram divulgados em meados de maio. Um deles se concentra nos Estados Unidos e outro tem visão mais global, mas ambos mostram basicamente o mesmo quadro: a mídia impressa e outros veículos tradicionais de notícias seguem encolhendo, enquanto aumenta o domínio do Facebook e outras plataformas digitais.
Os relatórios são do Pew Research Center e do Instituto Reuters de Estudos de Jornalismo. No caso do trabalho da Reuters, mais de metade dos pesquisados (50 mil pessoas em 26 países) dizem encontrar suas notícias via mídia social toda semana e cerca de 12 por cento afirmaram que ela é a principal fonte, com o Facebook de longe na liderança.

No grupo de 18 a 24 anos, quase 30 por cento disseram que a mídia social é sua principal fonte de notícias. Segundo a Reuters, os resultados são dramáticos:

“Em 26 países, vemos um cenário comum de perda de empregos, cortes de custos e metas não alcançadas, enquanto a queda de receita da mídia impressa se combina com a economia brutal do digital em uma tempestade perfeita. Em quase todos os lugares presenciamos a adoção maior de plataformas online, em grande parte como suplemento de modos de transmissão, mas com frequência às custas do jornalismo impresso”.

O estudo do Pew Center detalha mais como o negócio dos jornais impressos vem sendo dizimado pela mudança para o digital. O ano passado “foi talvez o pior para o setor desde a recessão”, e mesmo os esforços online das empresas não estão ajudando muito. A circulação média (impressa e digital juntas) caiu outros 7 por cento em 2015, a maior queda desde 2010. A receita total de publicidade caiu quase 8 por cento, para os dois casos.

Os empregos no setor, claro, vão desaparecendo. Houve uma queda de 10 por cento em 2014, e de quase 40 por cento desde 1994.

E o modelo de negócio de cobrar pelos assinantes online, formato adotado pioneiramente pelo New York Times? Os dados da Reuters não sugerem otimismo, Nenhum país de língua inglesa pesquisado pelo instituto teve uma taxa de pagamento maior que 10 por cento. No Reino Unido, por exemplo, não passa de 7 por cento.

O Pew Center nota que “existe dinheiro sendo feito na web, mas não pelas organizações de notícias”. Os gastos com publicidade digital cresceram 20 por cento em 2015, chegando a U$ 60 bilhões, “mas as organizações jornalísticas não foram as beneficiárias primárias”. Na verdade, este dinheiro está indo parar nas mãos de gigantes como Google e Face

Pode-se imaginar que o maior dano causado às empresas noticiosas seja a perda crescente de sua participação no bolo publicitário. É pior que isso, diz o Pew. Na era pré-digital, “as organizações jornalísticas controlavam os serviços e produtos jornalísticos do começo ao fim. Com o tempo, companhias de tecnologia como Facebook e Apple se tornaram parte integral, se não dominante, na maior parte destas operações”.

O resultado? Cada vez mais o conteúdo é encontrado em redes sociais como Facebook ou em agregadores como Google News ou Apple News, o que dilui as marcas das empresas jornalísticas. As únicas marcas conhecidas se tornam as das plataformas digitais.
José Eduardo Mendonça
Sobre o Autor
José Eduardo Mendonça passou por importantes órgãos da imprensa brasileira, como Exame, Gazeta Mercantil e Folha de São Paulo, na qualidade de repórter, editor ou diretor. Escreve sobre as tendências da mídia em seu blog zemediamix.wordpress.com/.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12