Francisco apelou aos jovens que 'não aposentem sua existência, não cedam a esse certo ativismo burocrático que favorece as propostas carentes de heroísmo'
Diário Página/12, da Argentina // www.cartamaior.com.br
Em sua mensagem pela celebração dos 200 anos da declaração de independência da Argentina – a que se celebrará neste sábado, 9 de julho –, o papa Francisco divulgou uma mensagem que, segundo ele, era dirigida especialmente aos setores que mais sofrem com a desigualdade social, a quem ele chamou de “os mais maltratados da Pátria”. Entre eles, “os que vivem na indigência, os presos, os que estão sem trabalho e que sofrem com todo tipo de necessidades”. O sumo pontífice também usou o texto para recordar “a Pátria Grande sonhada por José de San Martín e Simón Bolívar”, e pediu que ela fosse defendida “de todos os tipos de colonização”.
A missiva foi enviada ao presidente da Conferência Episcopal Argentina, monsenhor José María Arancedo. “Os argentinos usam uma expressão, atrevida e pitoresca para se referir a pessoas inescrupulosas: `este é capaz até de vender a mãe´. Porém, sabemos e sentimos profundamente em nossos corações o quanto é isso horroroso, que a mãe não se vende… e que tampouco se vende a Pátria, que é como a nossa mãe”, argumentou.
Francisco transmitiu sua mensagem aos bispos, autoridades nacionais e a todos os seus compatriotas, desejando que esta celebração pelo bicentenário da declaração de independência faça com que os argentinos sejam “ainda mais fortes e decididos em trilhar o caminho iniciado pelos nossos mártires, há duzentos anos atrás”.
“De uma forma bastante especial, quero estar perto dos que mais sofrem: os doentes, os que vivem na indigência, os presos, os que se sentem sozinhos, os que estão sem trabalho e que sofrem com todo tipo de necessidades, os que são ou foram vítimas da escravidão, do comércio humano e da exploração de pessoas, os menores vítimas de abuso e tantos jovens que sofrem o flagelo da droga. Todos eles levam consigo o peso de enfrentar situações muitas vezes ao limite. São os filhos mais maltratados da Pátria”, afirmou.
Para Francisco, a Argentina celebra esta semana “duzentos anos de caminho de uma Pátria que, em seus desejos e ânsias de irmandade, se projeta para além dos limites do país: um país voltado à Pátria Grande, sonhada por San Martín e Bolívar. Esta realidade nos une em uma família de horizontes amplos, através da lealdade dos irmãos”.
“Também rezamos hoje, em nossa celebração, por essa Pátria Grande: que o Senhor a cuide, a faça mais forte, mais irmã, e que a defenda de todos os tipos de colonização”, pediu o líder da Igreja Católica.
Além disso, Francisco também apelou aos jovens que “não aposentem sua existência, não cedam a esse certo ativismo burocrático que favorece as propostas carentes de heroísmo”, e acrescentou dizendo que “precisamos que nossos avôs possam sonhar e que nossos jovens queiram profetizar coisas grandes, pois só assim a Pátria poderá ser livre. Precisamos que esses avôs sonhadores inspirem os jovens aos mesmos sonhos, para que eles correm atrás desses sonhos, impulsados por sua criatividade e a crença em suas profecias de um mundo melhor”.
Tradução: Victor Farinelli
Créditos da foto: Tiberio Barchielli / Palazzo Chigi
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