EDUARDO GUIMARÃES // http://www.brasil247.com/
É de perder a paciência o nível de burrice, má fé e autoritarismo que permeou a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal após o advento do julgamento do mensalão, em 2012, com seu “domínio fascistoide do fato”, recurso usado para jogar na cadeia, por razões políticas, pessoas contra as quais não existiam provas.
No Brasil ditatorial de Sergio Moro e daquele bando de vedetes que fazem pose de super-heróis para fotos promocionais do Ministério Público e da Polícia Federal, alegar inocência e buscar todos os recursos possíveis contra uma condenação a perda de liberdade é “antidemocrático”; o que essa gente julga democrático é jogar alguém na cadeia sem julgamento e não soltar enquanto a pessoa não confessar um crime.
Na ditadura tupiniquim do século XXI, não é mais necessário pau-de-arara. Você deixa o sujeito fisicamente incólume enquanto tortura a mente dele, jogando-o em uma cela escura, privando-o até de luz do sol uma vez ao dia, à espera de que fraqueje e diga o que você quiser para ele poder voltar a viver na companhia de outros seres humanos.
Na semana passada, a defesa de Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos (CDH) da ONU. No imagem abaixo, trecho da reclamação do ex-presidente ao organismo multilateral dá uma pista das razões pelas quais foi feita – trata da condução coercitiva ilegal de Lula para depor, em março deste ano.
Para a mídia antipetista e as vedetes da Lava Jato, aquele abuso não teve nada demais. Porém, a iniciativa de levar um ex-presidente da República à força para depor escandalizou todos os que defendem o Estado de Direito. Teve até juiz do Supremo manifestando perplexidade com aquele abuso.
Se alguém não viu, vale ver a explicação de um juiz do Supremo Tribunal Federal sobre por que foi um abuso levar Lula para depor “sob vara”.
As razões para Lula julgar que está sendo vítima de perseguição política não faltam. A última, aliás, guarda íntima relação com seu recurso à ONU, que está sendo vista pela própria mídia que quer negar ao ex-presidente o direito àquele recurso como causa para um juiz de Brasília tê-lo indiciado por “obstrução da Justiça”.
Ou seja: Lula não foi indiciado por ser culpado, mas por ter recorrido à ONU contra Sergio Moro, despertando, assim, o “corporativismo” de magistrados. Há dezenas de matérias dos grandes grupos de mídia dizendo isso, que o indiciamento de Lula foi retaliação do Judiciário por ele ter recorrido à ONU contra Moro – basta uma busca na internet para achar essas matérias.
Mas a reação mais absurda e antidemocrática ao exercício do direito de Lula de se defender de todas as formas partiu dos procuradores da Lava Jato e dos empregadinhos dos barões da mídia escalados para agirem em consonância com eles.
Surgiu a tese maluca de que Lula teria recorrido à ONU como preparação para pedido de “asilo político” como forma de fugir da decretação de sua prisão.
A tese do blogueiro da Globo Noblat de que Lula recorreu à ONU para fundamentar futuro pedido de asilo político caso sua prisão seja decretada não saiu da cabeça desse sujeito, mas da cabeça dos procuradores da Lava Jato, os quais já foram dando a linha de discurso aos grupos de mídia que os sustentam.
Fica difícil saber se é só má fé ou se não há, nessa hipótese, uma boa dose de burrice. Será que esses procuradores e pistoleiros da mídia golpista não sabem que há um sem número de países que acolheriam Lula prontamente, bastando ele pedir? Só para ficarmos nos países mais próximos, alguém tem dúvida de que Bolívia, Equador, Venezuela ou Uruguai dariam guardiã ao presidente sem perguntar nada, bastando ele pedir?
Na verdade, essa teoria idiota de que Lula recorreu à ONU para preparar “pedido de asilo” com vistas a fugir da lei soa, isso sim, como justificativa para um ato de violência contra o ex-presidente; qual seja, a decretação de sua prisão preventiva sob essa desculpa esfarrapada de que está pretendendo “pedir asilo” para fugir às suas responsabilidades.
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