sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Que Lindbergh foi fazer no programa de Míriam Leitão na Globonews? Por Paulo Nogueira

por : Paulo Nogueira // http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

Entendo, mas não compreendo.

Vi Lindbergh na Globonews num programa de entrevista comandado por Míriam Leitão.

Eram ela, ele e um dos piores tipos que apareceram nas transmissões do golpe no Senado, Ricardo Ferraço.

Minha reação imediata foi ver se era mesmo Lindbergh. Era. Depois, me perguntei: mas o que ele está fazendo ali?

Não gostei.

Certo, ele estava aproveitando para passar suas visões a um público massacrado por entrevistadores e entrevistados brutalmente reacionários.

Era uma brecha, então.

Mas ainda assim. A que custo?

Lindbergh estava contribuindo, involuntariamente, para o esforço da Globo, pós-golpe, em simular “imparcialidade”.

“Quem disse que somos monolíticos? Olha só o Lindbergh na Globonews mesmo depois de acusar a Globo numa de suas últimas intervenções no julgamento.”

Isto é o que a Globo quer que a manada pense. Consumado o golpe Tabajara, a empresa afrouxa os controles rígidos de expurgo de vozes divergentes.

Faz parte do beabá do jornalismo de guerra que a Globo praticou para minar Dilma.

Com o objetivo alcançado, agora é a simulação da “neutralidade”.

E para que isso aconteça é preciso que a turma de esquerda aceite participar do jogo, como fez Lindbergh.

O suposto benefício vale o custo de ajudar a Globo a tentar refazer sua imagem?

Não acho.

Penso que se a Globo faz guerra ela deve receber guerra de volta. Isso significaria um boicote a qualquer dos múltiplos veículos da empresa.

Não falar com a Globonews. Não falar com a CBN. Não falar com o Jornal Nacional. Não falar com o Globo. Não falar com a Época.

Gelo. Gelo absoluto.

A mesma lógica se aplica, evidentemente, às outras empresas de jornalismo — Folha, Abril etc.

Mas a primeira da lista tem que ser a Globo. Que seja condenada a falar com os mesmos personagens de sempre. Que fique claro que ninguém se deixará usar pelos Marinhos para que eles posem de equidistantes.

Neste sentido, Lindbergh pecou.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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