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por Frederico Firmo
Vários votaram pelo jantar. Ninguém melhor do que Temer, para transformar a política em compadrio. Não sei se por ignorância ou falta de percepção, o PMDB acaba de se suicidar junto com o país. E levou junto com ele um turbilhão de centristas, ou quem sabe Cunhistas. Seguidores daquele que disse, em seu momento de maior lucidez: "que Deus se apiede do Brasil".
Temer numa demonstração clara de que não tem a menor capacidade para presidir o país, colocou toda a política de uma nação a mercê de um índice financeiro. Como pensar políticas de desenvolvimento, ou políticas sociais atrelado a inflação, que este mês retrocedeu por causa da melhora do tempo. Ficaremos subordinados a chuvas e trovoadas. Como atrelar qualquer análise mais profunda sobre nossa realidade, se tivermos que pensar neste maldito índice inflacionário.
O PMDB se suicida não pelas boas razões, mas sim porque sempre viveu do orçamento e do compadrio . Sempre esteve com as mãos em cima do cofre, e agora fechou o cofre e jogou a chave fora. Isto, de fato, vai fazer com que, aos poucos, destruam totalmente a transparência do estado para que possam fazer, dentro dos limites que ele mesmos traçaram, atos e mais atos de transgressão, manipulação e destruição. (Daí fecharem a CGU). Vão como sempre ter argumentos, agora constitucionais, para cortar a saúde e a educação.
Se no momento a educação já se ressente imaginem no ano que vem, quando terão argumentos legais para cortar. Terão também argumentos legais e ou desesperados para vender , com lucros, claro que apenas imediatos e pessoais, os bens públicos, começando pelas nossas estatais e serviços. A terceirização poderá chegar a níveis insuportáveis, quando veremos, na TV de sempre, a promessa de melhoria no atendimento público através do leilão dos serviços aos empresários que criam, com a terceirização, a forma moderna de escravidão. (Perguntem nos orgãos públicos se a terceirização melhorou alguma coisa além de enriquecer alguns?).
A falta de investimentos públicos, e o desemprego aumentando, reforçará o discurso da necessidade do investimento estrangeiro. Será quando defenderão, mais enfaticamente, a necessidade da desconstrução da CLT. A tal "flexibilização" das leis trabalhistas para que nossos trabalhadores não tenham férias nem décimo terceiro. Afinal temos que adequar nossas leis às leis trabalhistas do país mais rico e mais desigual; palavras de Obama e não minhas. A mentira escancarada de que isto é para salvar o Brasil vai ser logo logo desmascarada. Afinal desde quando uma medida desta é crucial para trazer investimentos. O Brasil com seu potencial é sempre cobiçado, e é a cobiça externa e interna que está liderando esta turba. Os investimentos não virão agora porque parodiando o outro " é a crise mundial estúpido".
Claro que haverá exceções, pois desde que as primeiras estatais brasileiras se desenvolveram, as companhias multinacionais descobriram que podiam ter competidores a altura. Assim cobiçaram e compraram a embraer e assim será com a petrobrás. Ainda lembro da siderurgia e todos podemos ver o que a privatização fez com a Vale.
Incrivelmente Moro e o MP não investigam as relações de FHC com a Vale. Destruir este patrimônio, vai ser abrir de vez a porteira e com certeza os estrangeiros virão apenas para o que é de interesse . Esta PEC apenas vai, em nome do orçamento forçar a destruição de políticas, de investimentos do estado e vai dar o mote para o estado mínimo, que significa a submissão, num país onde a burguesia jamais cumpriu seu papel histórico. Isto é, nossa burguesia jamais fez sua revolução industrial ou deu uma contribuição tecnológica consistente. Algumas das empresas que estavam a caminho de fazê-lo, são foco da Lava-Jato.
Veremos como tratarão as Universidades, pois afinal elas também são o objeto da destruição. Todo e qualquer local onde se gere conhecimento será objeto de destruição e sucateamento. O foco não é apenas em nossas riquezas, o foco não é apenas o pré-sal o foco será a tecnologia do pré-sal, e ou de nossas centrífugas nucleares. O foco será em todo o conhecimento gerado pela Petrobrás, e Eletronuclear e em qualquer outro local deste país onde se gere conhecimento.
Enquanto isto, esta PEC irá de novo fazer com que apenas uma minoria de jovens tenham acesso a universidades. Sob a desculpa de falta de verbas, veremos o encolhimento e destruição do plano de investimentos na educação, o plano que levou à criação de centenas de Institutos Técnicos Federais e dezenas de Universidades e campi. As restrições impostas, pelo índice inflacionário, vão impossibilitar o Brasil de criar uma massa crítica. Uma massa cŕitica que seria capaz em futuro próximo de gerar conhecimentos aqui, e se apropriar dos conhecimentos gerados em qualquer lugar do mundo. É a presença de uma massa crítica que diferencia países soberanos e não soberanos. Sem esta massa crítica seremos sempre consumidores de tecnologia e de tudo o mais. Estaremos sempre subordinados ao Mercado como dizem.
A estupidez de um governo que num momento onde o problema central é a receita, faz todos os movimentos para cortar gastos. Não há uma palavra sequer, um ato sequer na direção da criação de receitas. Um governo que diz que temos que fazer tudo para que os empresários (sem culhões) se sintam seguros para investir, afinal o lucro é sagrado. Enquanto este governo e todos os políticos vem paralisando a economia deste país há mais de seis mêses, nossas reservas estão se esvaindo. Enquanto uma câmara autocentrada, que não reflete a população se vende por um jantar, vetou em passado recente todas as propostas voltadas para o enfrentamento da crise. Agora, vota uma medida que vai aprofundar esta crise. Mas isto tudo, desbordará como gostam de dizer, os membros de poder judiciário, (companheiros nesta destruição) e isto não será resolvido apenas em petit comitê, nem em jantares, isto vai para as ruas, com consequências graves. E como sempre os investidores ficarão mais e mais receosos e sem receitas prevejo uma espiral descendente e um futuro que vai ter que ressuscitar das cinzas.
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