DOM ORVANDIL // http://www.brasil247.com/
Na sua condição profissional a amiga certamente é bem informada quanto a barbárie da luta de classes, notadamente nos discursos e ações dos portas vozes da classe dominante.
Este é o caso do “seo” Gilmar Mendes.
Claro que sei que este senhor é ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo seu indigitado comparsa Fernando Henrique Cardoso. Na posição de magistrado, gente como esse senhor é tratada por excelência, com muitas referências típicas dos louvores aos deuses.
Sei que Gilmar é graduado, mestre e doutor, portanto, detentor de títulos acadêmicos. Se seu comportamento conferisse com o cabedal de seus conhecimentos e cargos como juiz do STF e presidente do Superior Tribunal Eleitoral e de seu currículo eu seria o primeiro a tratá-lo com todas as honrarias de seus títulos.
Mas não é o caso. Porque o “seo” Gilmar Mendes se comporta como um panfletário e incendiário da direita e do fascismo.
Este senhor é um dos que atuam diuturnamente para ver o Brasil pegar fogo. Sua covardia e desrespeito o fariam um trânsfuga pior do que Carlos Lacerda que fugiu quando o povo descobriu suas mentiras contra Getúlio Vargas, escondendo-se dentro de uma caixa d’água no Rio de Janeiro para não ser trucidado pela multidão enfurecida e de lá fugindo para o exterior.
Em carta aberta em 28 de novembro de 2015 que escrevi ao “seo” Gilmar aqui já o descrevi como inimigo dos indígenas, dos pequenos agricultores, dos trabalhares e dos pobres. Naquela oportunidade identifiquei em seu discurso o profundo ódio e desgosto pelos pobres, ao ponto de fazer disso meio de calúnia e injúria contra os direitos assegurados pelo Estado social, que ele abomina com todas as forças de sua falta de respeito.
Veja a amiga o que o prófugo disse: “A gente fica imaginando a captação do sufrágio como a compra do eleitor via distribuição de telha, saco de cimento, tijolo. Na verdade, em termos gerais, dispõe-se da possibilidade de fazer políticas públicas para aquela finalidade. Aumentar Bolsa Família em ano eleitoral, aumentar o número de pescadores que recebem a Bolsa Defesa. Em suma, fazer este tipo de política de difícil impugnação inclusive por parte dos adversários”.
Como diria o meu pai na sua simplicidade de um trabalhador rural lá em Alegrete, RS, ao lidar com os bois bravos nos arados: “o animal é tão desgraçado que dá coice e ainda pisa em suas vítimas”.
Gilmar Mendes trafega por corredores da mais perversa classe dominante e faz seu jogo desalmado contra os trabalhadores e contra os pobres, julgando-os segundo sua régua injusta.
Todos os críticos, intelectuais, advogados brilhantes e pensadores bem situados no universo da inteligência nacional sabem que Gilmar é de direita e seu “juridiquês” nada tem de justiça como valor democrático e social.
Pelo contrário, esse auto empoderado ministro, que “embora seja apenas um dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, ele dá a impressão de ser muito mais supremo juiz do que os outros, o dono da verdade definitiva, indiscutível, absoluta, uma espécie de autonomeado “ombudsman geral” da República”, como escreveu o competente jornalista Ricardo Kotscho.
Gilmar se acha super supremo porque é imbuído dos ares de uma classe intolerante com os trabalhadores, com os pobres, com os nativos, com a própria democracia e a soberania nacional.
No fiasco da bolinha de papel encenado e fracassado por José Serra lá estava Gilmar Mendes para amparar seu companheiro de partido. Durante o golpe contra nossa democracia Gilmar viajou à Portugal para integrar um seminário mafioso de preparação do estrangulamento da decência política. Em almoços e jantares com sua turma, muitos flagrados por fotógrafos e repórteres atentos, Gilmar é presença segura com sua intransferível missão de assistente político da direita com um discurso farsesco de jurídico. Desde a transição de poder, provocada pelo golpe de Estado, Gilmar é assíduo frequentador do Jaburú nas caladas das noites e da democracia brasileira. Sem dúvidas, como o era nos tempos de FHC, o super supremo Gilmar é advogado informal do golpista Temer e do golpe. Aliás, isso é muito grave e afrontoso à justiça em virtude das informações privilegiadas que tem através do STF e do STE.
Agora, na sexta feira, 21 de outubro de 2016, Gilmar Mendes discursou para uma plateia de executivos e empresários brasileiros e americanos, em São Paulo, enchendo o peito insuflado pelos golpistas e pela direita comandados partidariamente como colaboradora dos Estados Unidos, que não querem o Brasil como parte de blocos que não sejam os orquestrados por sua política externa de dominação e de rapina do mundo, onde falou mal novamente dos pobres e dos programas sociais inclusivos.
Com sua costumeira agressividade, falta de respeito e de educação, em discursos cínicos envoltos em linguagem hipócrita, Gilmar desqualificou o programa Bolsa Família – que atende atualmente cerca de 13,9 milhões de famílias com renda “per capita” mensal entre R$ 85,00 e R$ 170,00 – definindo-o como compra institucionalizada de votos.
No fundo, sem análise crítica credenciada, até porque esse senhor é inimigo da ciência, da pesquisa e da verdade, lascou asneiras ideológicas: “Com o Bolsa Família, generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada”.
Ele agrediu com mais afirmações discriminatórias, mas por detrás desta frase escondem-se preconceitos ignominiosos, que poderiam ser classificados como puro nazismo por parte dos setores sociais e econômicos representados por esse poderoso político encastelado no judiciário.
Falar em compra de votos ao se reconhecer os direitos à vida e à dignidade aos pobres, sempre relegados ao desprezo pelas elites que se revezam desde 1500 no roubo das riquezas sociais e do solo brasileiro, é tipicamente criminoso pelo fato de esconder que sempre jogaram na marginalidade milhões de irmãos e irmãs brasileiros e brasileiras.
A marginalização sempre foi encarada como coisa “normal”, privilegiando os ricos. Até correntes teológicas definem que Deus destina uns para as riquezas e muitos para a miséria e para a pobreza, numa típica religiosidade para agradar os exploradores. Agora que programas, ainda que tímidos e iniciais, funcionaram no sentido de o Estado investir na recuperação da humanidade pisada, o “seo” Gilmar vomita sua delinquência em face da carta universal dos direitos humanos e da própria Constituição no seu espírito inclusivo e progressista.
Falar em compra de votos sem a justeza de mencionar que seu chefe e maior farsante intelectual, Fernando Henrique Cardoso, comprou votos para a aprovação de sua reeleição ultrapassa todos os limites da honestidade intelectual.
Dizer que o Bolsa Família, elogiado e recomendado pela ONU como o maior projeto de combate à miséria e à pobreza, é institucionalização da compra de votos é rebaixar os pobres à condição de seres incapazes e condenados a não ter direitos, já que milhões deles ingressaram nas universidades e no trabalho, para desgosto do preconceituoso antissocial.
No fundo o “seo” Gilmar, com aquela empáfia arrogante, egoísta e autoritária, defende os poderosos do mercado diabólico contra os investimentos sociais. Por isso esconde, na verdade, que o seu maior desejo é o de que a elite reacionária, conservadora, seletiva, apátrida, antissocial, antidemocrática e antinacional, esta sim com ele junto, se eternize no poder comprando insanos e canalhas, como aconteceu na Câmara e no Senado com o golpe judicial-parlamentar.
Gilmar odeia os pobres e todos os que lutam por justiça social.
Argumentos? Nenhum, a ele como um dos atores do horror basta ser horroso e rancoroso ator. Nada mais!
Na luta pela derrubada do golpe, que certamente desembocará numa profunda reforma política, o judiciário será reorganizado e gente como esse “seo” Gilmar Mendes não terá mais espaço.
Fora Temer e Gilmar Mendes!
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