terça-feira, 11 de outubro de 2016

Toda escola pública do DF deve adotar um deputado

             Nonato Menezes

Ainda ouvimos que Educação Pública não é uma questão de Governo, mas de Estado. Clichê à parte, fato é que não sabemos onde nossa escola se situa exatamente.

Hoje temos escola pública que é do Estado, mas que o governo toma de conta do jeito que o diabo quer.

 Temos as “OS” que é o modelo mais acabado da picaretagem do que chamam de “gestão-público-privada”.


Temos as terceirizadas que é outro exemplo de bandidagem com o interesse público.

Temos ainda as Cooperativas e aquelas em vias de se tornarem comércio de ensino.

Por fim, temos o comércio de ensino, propriamente dito. Aquele que o poder público diz que controla através dos credenciamentos, por exemplo, e que os donos do próprio negócio dizem que prestam serviço de interesse público. E tem gente que acredita.
Agora, no momento em que os investimentos públicos estão congelados por vinte anos, surge no DF a grande novidade: a escola custeada por emenda parlamentar.

Acontece que de novidade mesmo, isto não tem nada. O que há por trás desse “gesto de bondade e de preocupação com o ensino público” é a novíssima estratégia para construir curral eleitoral.

E é simples de se perceber a artimanha. Basta uma escola escolher um deputado para que, no momento oportuno, ele plante uma emenda para atender aquele estabelecimento de ensino que “aceita a amizade”, e sequer tem dinheiro para comprar papel higiênico.

O diretor, que atuará mais como cabo eleitoral, fará questão de dizer que está cumprindo sua parte.

De parte da comunidade escolar, sobretudo dos professores, basta um sorriso para indicar agradecimento.

Montado o esquema. E é claro que nas próximas eleições, até os esquecidos serão lembrados sobre quem plantou a emenda e foi generoso com a escola. E é só esperar o dia do voto.

Da parte do governo mais incompetente que o DF já teve, a trama é mais feia ainda.

As sete portarias publicadas hoje, com as destinações das emendas, vale apontar dois aspectos interessantes da esperteza.

Ao dizer que o recurso da emenda é complementar.

Ora, ora! Como pode ser complementar se o próprio governador, quando fala ao distinto público, é sempre para anunciar que o governo não tem dinheiro nem para salários, que o décimo terceiro vai atrasar e coisas do gênero?

Ainda, por decreto, promete punir quem fizer greve.

Se não tem para salário, vai ter o suficiente para custear escola?

O segundo ponto da esperteza é sobre a distribuição dos valores das emendas.

Além de não publicar o nome do deputado que plantou a emenda, a distribuição dos recursos será por Regional de Ensino, não por escola, como inicialmente havia sido discutida.

Sendo a distribuição feita pelas Regionais, cabe lembrar aquela ou aquele diretor que não reza miudinho a cartilha do chefe da Regional.

Há um critério isonômico ou proporcional para distribuição por escola ou os bajuladores de sempre levarão a melhor?
A conferir.

Enquanto recurso, o valor previsto é de R$ 5.160.000,00 para todas as escolas, visto que a distribuição é para as Regionais, como dito acima.

Se considerarmos apenas 600 escolas; o valor que cada uma deverá receber será de R$ 8.600,00, previsto para o ano de 2016. Ou para pouco mais de dois meses que faltam para o final do ano letivo.

A considerar o que as escolas já receberam, via PDAF, R$ 8.600,00 parece uma fortuna como valor complementar.

Isso, se todas receberem. O que é pouco provável.

Independente do valor, se o governo tem ou não dinheiro para custear as escolas; importante mesmo é a nova estratégia de construir curral eleitoral.

Ou de cada escola adotar um deputado para que tenha direito a receber recurso “complementar” necessário para custeio.


É de lascar!

Vá para as Portariaswww.ensinopublico.pro.br

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