quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

“Desistir do Brasil é a saída”


Nonato Menezes

"Depois do Apocalipse de 2016 eu reduzi ao mínimo minhas expectativas sobre a qualidade moral do Brasil, dos seus políticos e dos brasileiros", diz Mara Telles, professora de pós-graduação em ciência política na UFMG; "Minhas expectativas hoje são mínimas: eu atualmente toparia voltar a acreditar num país qualquer se os habitantes dele se indignassem com os mais de uma centena de pessoas massacradas, decapitadas e degoladas em presídios com o mesmo furor com o qual berraram contra uma mulher que Pedalava".

A manifestação acima é de uma acadêmica, intelectual, cientista política. É quem se diz desolada, propensa a entregar os pontos, pelo menos em mensagem.


Imagine que é uma manifestação de quem tem voz, de quem tem poder. De pessoa que influencia outras pessoas: na sala de aula, nos seminários etc.

Mas esta manifestação não chega a ser uma surpresa, pois o meio intelectual acadêmico brasileiro, no geral, pensa como a doutora Mara.

É um meio de pensamento conservador, muita vezes reacionário. É formado por uma categoria que “sabe o caminho das pedras”, mas se limita a conhecer e produzir conhecimento, no entanto, sem engajamento, sem disposição para propor ou incentivar as mudanças. É um meio que não cultua o pensamento progressista.

Ela é da categoria que interfere nas consciências das pessoas, mas uma interferência que cria pensamento conservador, como o da nossa classe média, que passa ou passou pela Universidade, precisamente onde atua a professora Mara.

Então, se o meio intelectual ou sua maior parte pensa assim, e diante dos grandes conflitos prefere a fuga, ao invés de reconhecer seu potencial para propor o enfrentamento, o que esperar das classes populares ou dos “políticos” que ela mesma critica?

Sim professora Mara, ninguém é poderoso ou poderosa o suficiente para mudar as coisas sozinho. Mas há quem tem voz e quem não tem. Existe quem não tem e quem tem poder. E a mudança só virá de quem tem voz e poder, como a senhora, professora Mara, por exemplo.

Agora, uma coisa é certa. Jamais a mudança, em circunstância como a nossa, ocorrerá partindo de um pensamento que só oferece a fuga. Fugir no contexto que se apresenta é para os medrosos e para os covardes, não para quem tem voz e poder.

Por fim, uma manifestação de quem, no curso do golpe, chegou a dizer que mão seria contra, nem a favor, mas agora se revela com esta expressão abaixo.

PRESIDENTE DA SBPC: ‘TENHO VONTADE DE DIZER AOS JOVENS: SAIAM DESTE PAÍS’.


 Matérias: aqui e aqui.

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