Nonato Menezes
"Depois
do Apocalipse de 2016 eu reduzi ao mínimo minhas expectativas sobre a qualidade
moral do Brasil, dos seus políticos e dos brasileiros", diz Mara Telles,
professora de pós-graduação em ciência política na UFMG; "Minhas expectativas
hoje são mínimas: eu atualmente toparia voltar a acreditar num país qualquer se
os habitantes dele se indignassem com os mais de uma centena de pessoas
massacradas, decapitadas e degoladas em presídios com o mesmo furor com o qual
berraram contra uma mulher que Pedalava".
A manifestação acima é de uma acadêmica, intelectual,
cientista política. É quem se diz desolada, propensa a entregar os pontos, pelo
menos em mensagem.
Imagine que é uma manifestação de quem tem voz, de
quem tem poder. De pessoa que influencia outras pessoas: na sala de aula, nos
seminários etc.
Mas esta manifestação não chega a ser uma surpresa,
pois o meio intelectual acadêmico brasileiro, no geral, pensa como a doutora
Mara.
É um meio de pensamento conservador, muita vezes
reacionário. É formado por uma categoria que “sabe o caminho das pedras”, mas
se limita a conhecer e produzir conhecimento, no entanto, sem engajamento, sem
disposição para propor ou incentivar as mudanças. É um meio que não cultua o
pensamento progressista.
Ela é da categoria que interfere nas consciências
das pessoas, mas uma interferência que cria pensamento conservador, como o da nossa
classe média, que passa ou passou pela Universidade, precisamente onde atua a professora
Mara.
Então, se o meio intelectual ou sua maior parte
pensa assim, e diante dos grandes conflitos prefere a fuga, ao invés de
reconhecer seu potencial para propor o enfrentamento, o que esperar das classes
populares ou dos “políticos” que ela mesma critica?
Sim professora Mara, ninguém é poderoso ou poderosa
o suficiente para mudar as coisas sozinho. Mas há quem tem voz e quem não tem. Existe
quem não tem e quem tem poder. E a mudança só virá de quem tem voz e poder, como
a senhora, professora Mara, por exemplo.
Agora, uma coisa é certa. Jamais a mudança, em circunstância
como a nossa, ocorrerá partindo de um pensamento que só oferece a fuga. Fugir no
contexto que se apresenta é para os medrosos e para os covardes, não para quem
tem voz e poder.
Por fim, uma manifestação de quem, no curso do
golpe, chegou a dizer que mão seria contra, nem a favor, mas agora se revela
com esta expressão abaixo.
PRESIDENTE DA SBPC: ‘TENHO VONTADE DE DIZER AOS
JOVENS: SAIAM DESTE PAÍS’.
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