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EM UM EVENTO na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, hoje, o juiz Sérgio Moro respondeu a acusações de uso político da Operação Lava Jato e mandou indiretas para seus críticos. A fala de Moro foi atrasada por protestos contra sua presença no evento. Cerca de dez estudantes e professores se manifestaram contra a forma como Moro conduz a Operação Lava Jato, que chamaram de “enviesada”.
Manifestantes interromperam a fala do juiz no início do discurso, mas foram vaiados pelos presentes no auditório:
Confira aqui uma lista das falas de Moro e o contexto por trás das bordoadas.
“Não estou fazendo política com a Lava Jato”
Moro é criticado no meio jurídico pela forma como conduz a operação, entidades como a OAB-RJ já se posicionaram contra a “divulgação seletiva” de informações da Lava Jato.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes já expressou seu desacordo com a postura do juiz. “E as investigações do vazamento daquelas prisões preventivas, onde estão?”, provocou o ministro.
“Muitas vezes as pessoas acham que é vazamento, mas não é, é uma decisão nossa de tornar a informação pública.”
Essa foi a resposta de Moro quando confrontado sobre supostos vazamentos de informação que teriam partido de seu gabinete. O caso mais emblemático foi a publicação da conversa telefônica entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula e a então Dilma Rousseff. Moro retirou o sigilo do processo e o grampo se tornou público. É por isso que ele não considera um “vazamento”.
No entanto, em março de 2016 ele precisou pedir desculpas ao STF pela atitude neste caso. Em junho do mesmo ano, o ministro Teori Zavascki anulou o grampo publicado pelo juiz.
Ministro Gilmar Mendes e Sérgio Moro no Senado, em dezembro de 2016.Foto: Evaristo Sa /AFP/Getty Images
“Eu estava em um evento público, ele estava sentado do meu lado. O que posso fazer? Nós conversamos. E ele não está sob minha jurisdição, o Supremo é que está com o caso dele. E você pode ter certeza que nós não falamos sobre o caso.”
A fala é em relação à foto do juiz conversando de forma descontraída com o ex-governador de Minas Gerais e ex-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB). Os dois estavam em uma cerimônia de premiação organizada no fim do ano pela revista Istoé.
Aécio é citado em delações da Odebrecht e da OAS, que estão sob a alçada de Moro. A descontração entre juiz e investigado foi duramente criticada em redes sociais.
Sérgio Moro ao lado de Aecio Neves (PSDB) e Michel Temer (PMDB) durante entrega do prêmio Brasileiro do Ano, da revista Istoé. Foto: Diego Padgurschi /Folhapress
“Eu não me sinto nem um pouco culpado pelo impeachment. Eu não tenho nada a ver com isso. Só estava fazendo meu trabalho sobre um caso específico.”
Apesar de dizer não ter nada a ver com o impeachment, é impossível dissociar a imagem de Moro ao processo de afastamento de Dilma, principalmente porque muitos manifestantes usavam máscaras com o rosto do juiz e até mesmo um boneco inflável do “Super Moro” participou dos atos. Na época, Moro se disse “tocado” pelas “homenagens” feitas nas manifestações pró-impeachment.
Bonecos infláveis de Lula, Moro e Dilma vendidos em protesto a favor do impeachment, em São Paulo, dia 17 de abril de 2016. Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images
“Você não pode acreditar nas teorias da conspiração que surgem sobre a Lava Jato, algumas delas soam loucas.”
Foi o que disse quando questionado sobre as acusações de que sua atuação na liderança da operação seria influenciada por empresas norte-americanas interessadas no pré-sal. A acusação partiu da filósofa Marilena Chauí em um vídeo publicado no YouTube.
No dia 24 de janeiro, o ex-presidente Lula deu uma palestra em São Paulo onde reafirmou as acusações de Chauí: “Cada vez mais tenho convicção de que tem dedo estrangeiro nesse negócio da Lava-Jato. Tem interesses, sobretudo no pré-sal, de que esse país não seja protagonista”.
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