sábado, 25 de março de 2017

Belluzzo: Brasil está caindo para a Série D do Mundial de Desenvolvimento

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

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O economista Luiz Gonzaga Belluzzo falou hoje sobre as consequências econômicas da Lava Jato em seminário do PT em São Paulo. Para Belluzzo, a falta de punição a criminosos e a criminalização das empresas resultam na destruição da capacidade que o estado brasileiro sempre teve de articular se próprio desenvolvimento.

“Neste momento estamos fazendo o contrário do que deveríamos fazer. Em vez de colocar na cadeia quem cometeu crimes, estamos destruindo as empresas brasileiras”.

Veja o que a China fez e o que nós fizemos? Estamos matando nossa economia. Nossas grandes empresas de engrenhados estão sendo banidas de todos os mercados que conquistamos. Por quê? Porque estamos criminalizando as pessoas, e não fazendo o que tínhamos que fazer: colocar na cadeia quem cometeu o crime, preservando as empresas.

Essa, segundo Beluzzo, é uma das faces de outra injustiça, a instrumentalização do judiciário como órgão de perseguição política. “A maior imoralidade que pode haver numa democracia é o juiz julgar conforme suas convicções. Ele tem e julgar conforme a lei. É assim para proteger o indivíduo de arbitrariedades. Não só do Estado, mas também dos outros indivíduos”.

Para o economista, tanto a perseguição política quanto o ataque à economia nacional são fruto de um poder novo e que não aparece muito: o poder dos mercados financeiros.

Desde os anos 90, assistimos a uma desconstrução dos mecanismos de regulação da economia brasileira. E é importante lembrar que hoje o Brasil não teria a indústria que tem e sequer teria um setor de bens de capital se não fosse a participação do Estado na economia.

Essa participação do Estado já foi atacada antes, nos anos 90 pelo neoliberalismo, que não é um sistema de desregulamentação, é um sistema de regulamentação e apropriação do Estado pelos atores privados.

Para que esses atores privados possam agir com total liberdade maximizando seus ganhos, é importante desconstituir o Estado como ator relevante na economia.

Por isso, a destruição das grandes empresas de engenharia e da Petrobras têm a ver com o projeto de acabar com a capacidade do estado regulamentar a própria economia.

A indústria no Brasil pesava 25% do PIB. Hoje pesa apenas 9. E sem indústria nenhum país vai pra frente.

O físico Rogério Cerqueira Leite, em carta lida durante o seminário, fez uma avaliação parecida e resumiu com uma analogia: “estamos na mesma situação que o cowboy que, por vingança, mata o cavalo do rival e morre de sede e de fome por não ter como sair do deserto”.

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