segunda-feira, 13 de março de 2017

Snowden descreve descoberta de supostas ferramentas de espionagem da CIA como "grande preocupação"

Snowden descreve descoberta de supostas ferramentas de espionagem da CIA como "grande preocupação"

Snowden descreve descoberta de supostas ferramentas de espionagem da CIA como "grande preocupação"

Por Nika Knight, Common Dreams
No Carta Maior
http://www.carosamigos.com.br/

O WikiLeaks, na terça-feira, divulgou uma coleção de documentos da CIA chamados pela expert em segurança, Jessalyn Radack, como “na mesma categoria, os maiores vazamentos de informações confidenciais pelos denunciantes Chelsea Manning e Edward Snowden”.

De fato, o próprio Snowden descreveu o vazamento como “realmente, uma grande preocupação” no Twitter. “Parece autêntico” adicionou o denunciante da Agência de Segurança Nacional (NSA). O New York Times também descreveu a autenticidade dos documentos como “provável”.

O Times ainda descreveu as revelações bombásticas incluídas nos documentos vazados:

Dentre outras revelações que, se confirmadas, abalariam o mundo da tecnologia, o vazamento do Wikileaks disse que a CIA e serviços de inteligência aliados conseguiram ultrapassar as criptografias em serviços de mensagens populares como o Signal e WhatsApp, e o Telegram. De acordo com a declaração do Wikileaks, hackers do governo podem invadir Androids e coletar “áudio e tráfego de mensagens antes da criptografia ser aplicada”.

A divulgação de terça-feira dos documentos é a primeira parte de uma série, escreveu o WikiLeaks em declaração à imprensa. Essa primeira parcela, entitulada “Ano Zero”, contém “8,761 documentos e arquivos de uma rede isolada de alta segurança situada dentro do Centro da CIA de Cyber Inteligência em Langley, Virgínia”, de acordo com o WikiLeaks.

“O arquivo parece ter circulado entre hackers do antigo governo dos EUA e empreiteiros de maneira não autorizada, tendo um deles fornecido porções do arquivo ao WikiLeaks”, escreve a organização de transparência, notando que isso significa que o arsenal cibernético da CIA já foi possivelmente compartilhado amplamente e de forma insegura.

O WikiLeaks explica que “o ‘Ano Zero’ introduz o escopo e a direção do programa global de espionagem da CIA, seu arsenal de malware e dezenas de façanhas dia-zero armadas contra uma gama de produtos de companhias dos EUA e da Europa como os iPhones da Apple, Androids da Google e Windowns da Microsoft e até as TVs da Samsung, que podem ser transformadas em microfones escondidos”.

De fato, os documentos parecem confirmar os alertas de experts de segurança e defensores da privacidade sobre os perigos das chamadas tecnologias “smart”.

E Snowden nota que os documentos demonstram que o governo dos EUA parece estar pagando companhias de tecnologia para assegurar que seus produtos permaneçam inseguros. “Uma imprudência indescritível”, ele tuitou:

“Os relatos da CIA mostram a USG desenvolvendo vulnerabilidades em produtos norte-americanos, e depois, intencionalmente, mantendo esses buracos abertos. De uma imprudência indescritível.”

Ao descrever o escopo do arquivo, o WikiLeaks detalha os poderes de invasão da CIA – poderes que a própria CIA parece não ter mais controle, de acordo com o vazamento:

Desde 2001, a CIA ganhou proeminência política e orçamentária na NSA. A CIA se encontrou construindo não somente sua famosa frota de drones, mas também um tipo diferente de força secreta, global – sua própria frota de hackers. A divisão de hackers da agência a liberou de ter que revelar suas operações controversas à NSA (sua principal rival burocrática) de modo a tirar vantagem das capacidade de hacking da NSA.

No final de 2016, a divisão de hackers da CIA, que está sob o comando do Centro de Cyber Inteligência (CCI), tinha mais de 5000 usuários registrados e havia produzido mais de mil sistemas de invasão, vírus, trojans e outros malwares “armados”. Tal é a escala do empreendimento da CIA que, em 2016, seus hackers utilizavam mais códigos do que os necessários para rodar o Facebook. A CIA havia criado sua “própria NSA” com menos responsabilidades e sem responder publicamente à questão sobre se seria justificável esse gasto orçamentário massivo para duplicar as capacidades da agência rival.

“Em uma declaração para o WikiLeaks”, a organização adiciona, “a fonte detalha questões políticas que, segundo eles, precisam urgentemente ser debatidas em público, incluindo se as habilidades de invasão da CIA excedem seus poderes e o problema do esquecimento do público em relação à agência. A fonte deseja iniciar um debate público sobre a segurança, criação, uso, proliferação e controle democrático das armas cibernéticas”.

“Uma vez que uma única ‘arma’ cibernética é ‘solta’, pode se espalhar ao redor do mundo em segundos, para ser usada por estados rivais, pela máfia cibernética e hackers adolescentes”, nota o WikiLeaks.

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