O tema do momento no Brasil é a confissão de Michel Temer. Michel Temer confessou que sabia da conspiração para destituir a presidenta Dilma Rousseff. E como seu vice-presidente nada fez para impedir que isso ocorresse. Esta confissão está gravada para quem quiser ver, já foi exibida nos canais de televisão. Por Samuel Pinheiro Guimarães
Por Samuel Pinheiro Guimarães*
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O tema do momento no Brasil é a confissão de Michel Temer. Michel Temer confessou que sabia da conspiração para destituir a presidenta Dilma Rousseff. E como seu vice-presidente nada fez para impedir que isso ocorresse. Esta confissão está gravada para quem quiser ver, já foi exibida nos canais de televisão. O interessante é que não só ele soube no final como ele estava preparado para esse momento. Tanto é que logo depois que toma posse, ainda interinamente porque não havia transcorrido o processo de julgamento, só o afastamento da presidenta pela Câmara dos Deputados, somente depois que ela viria a ser afastada, mas ele já tinha todos os atos prontos, todas as medidas provisórias, todo um programa de governo que enviou ao Congresso Nacional sobre a forma de propostas de emenda constitucional, sobre a forma de medidas provisórias. E fez isso com grande tranquilidade. Sem esperar um minuto pela sua confirmação no cargo. Porque tinha participado da conspiração.
Essa conspiração já estava explícita no documento Ponte para o Futuro, que aliás, Fernando Henrique Cardoso chamou de pinguela. Não tinha nem a classificação de ponte para o príncipe dos sociólogos. De modo que nós estamos vendo algo extraordinário. O presidente da República confessa ter participado de um golpe. Todas as evidências mostram que já estava participando desse golpe há muito tempo. Da preparação desse golpe, e nada ocorre. A Justiça não se manifesta. Um juiz que vem a público para dar uma declaração sobre esse caso que poderia ser classificado como alta traição. Alta traição contra o Estado, que é um golpe de Estado, que é o patrocínio de um golpe de Estado.
Mas isso, a importância é menor na medida que sabemos que tudo que está passando no Brasil no momento é uma grande conspiração para impedir que o presidente Lula seja eleito pelo povo em 2018. Os índices, não são nem índices de popularidade, são índices de impopularidade de Michel Temer atingiram o mais baixo nível da história do Brasil. Portanto ele continua implacável com o povo de forma cínica, porque diz que as reformas que apresenta são a favor do povo. Quando 93% da população se declara contra a reforma da Previdência. Quando a própria igreja católica, sempre muito prudente, convoca os seus padres, os seus párocos a se pronunciarem nos seus sermões contra a política de Michel Temer.
Michel Temer, o traidor.
*Samuel Pinheiro Guimarães foi secretário-geral do Itamaraty, na gestão Celso Amorim, e ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (governo Lula) e Alto-Representante Geral do Mercosul. É autor dos livros “Quinhentos anos de periferia” (1999) e “Desafios brasileiros na era dos gigantes” (2006), obra pela qual foi eleito Intelectual do Ano, recebendo o Troféu Juca Pato da União Brasileira de Escritores.
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