Nonato Menezes - Iraque 2003, Líbia 2011, Brasil 2016. Mesmos motivos, interesses análogos e um roteiro com atos de tragédia, soberbo cinismo dos atores e uma plateia quase sempre propensa a aplaudir a insensatez.
No elenco, a coalizão de saqueadores internacionais; os mesmos que apregoam liberdade, soberania, respeito aos direitos humanos e se chamam de civilizados. Encenam para um público de inertes, inocentes, trapaceiros, lacaios de toda espécie e para uma horda de imbecis incorrigíveis. O enredo é o de sempre, que faz vicejar sofrimento em nome da liberdade.
Apenas treze anos separam o primeiro do último ato. Da destruição do Iraque ao golpe no Brasil, com passagem pela Líbia, cenas de horror, daquelas inimagináveis praticadas pelos mais irracionais dos bichos.
Entre um ato e outro, o cair do pano serve apenas para esconder os gracejos dos homens de bem e de bens.
Em toda a peça, com os Estados Unidos à frente, a geopolítica das potências ocidentais deixou uma trilha de violação dos tratados internacionais, assassinou lideranças, civis inocentes e destruiu quase completamente as estruturas econômicas, sociais e políticas de seus alvos.
E o show continua, com o Brasil sendo mais um degrau da escada da barbárie.
O Iraque não tem e nunca teve arma de alto poder destrutivo, mas era e continua sendo um dos maiores produtores de petróleo do Oriente. Ao lado da Líbia, além do petróleo cobiçado pelas potências ocidentais, já tratavam de substituir o Dólar por outra moeda em suas transações comerciais, o que, para alguns observadores, ser esta a questão de fundo e principal motivadora das invasões.
O Brasil não estar sendo “acusado” de desenvolver armas atômicas, tampouco de querer substituir o Dólar em suas transações comerciais. Mas o Brasil tem petróleo, entre muitas outras riquezas, sempre exploradas e cobiçadas pelos saqueadores internacionais.
Também, o Brasil ousou andar por novas trilhas econômicas, acompanhado de outros atores globais, entre eles Rússia e China. Insuportável iniciativa de um País que por séculos tem sido considerado parte do quintal do Império.
Somadas as motivações, talvez o Brasil tenha a despertar mais interesses das laboriosas potências ocidentais do que Líbia e Iraque. O que, por qualquer caminho e a qualquer momento, invasão, saque e destruição aconteceriam.
Acontece que para invadir o Brasil os saqueadores não precisaram usar a força bruta. Sequer foi ou tem sido necessário testar armas de última geração. Também, não ouvimos o rá, tá, tá das metralhadoras, matando comunidades inteiras, nem bombas destruindo monumentos da nossa cultura, nem os bens da nossa vida econômica.
Aqui, a invasão tem sido quase silenciosa, tramada por vias diplomáticas. Seu roteiro tem sido bem mais sofisticado, com elenco diverso, parte dele sorrateira o suficiente a ser comparado aos animais mais furtivos.
Crápulas nacionais fazem parte da trama, num plano tão bem articulado que envolveu e convenceu setores consideráveis da sociedade brasileira, em especial a obtusa classe média.
O elenco nacional da trama já é bem conhecido. Dele fazem parte a chamada grande mídia – Globo à frente, como batedor -, a enorme parte criminosa do Legislativo, o Ministério Público Federal, os onze cúmplices do Supremo Tribunal Federal e adjacências do Judiciário, Instituições que freiam o desenvolvimento do País como FIESP, FEBRABAN, OAB entre outras. Como testa-de-ferro a mais abjeta das criaturas a exercer presidência de um país no mundo contemporâneo: o farsesco laranja do Império, Michel Temer. Todos ao som do silêncio dos generais guardiões da Pátria.
Assim, a obscena ação do golpe atende ao gosto e necessidades dos saqueadores internacionais, aparentemente sem armas, sem violência e com muito ódio, que, também, vem servindo de esteio às mais atrasadas elites do mundo a se manterem no poder.
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