Michel Temer e Mendonça Filho. Foto: Lula Marques/ AGPT
Finalmente aparecem, aos poucos, as verdadeiras razões que estão na base da pressão pela rápida reforma do ensino médio. O governo Temer estuda, no CNE – Conselho Nacional de Educação – liberar até 40% da carga didática do ensino médio (de qualquer disciplina) para o ensino à distância.
Leia aqui.
A medida deverá promover a segregação escolar de forma mais nítida, criando escolas on line de baixo custo (e de baixa qualidade) para os mais pobres e mantendo a escola regular cada vez mais para as classes mais bem posicionadas financeiramente (principalmente aquelas em que os filhos não precisem trabalhar para sobreviver). De quebra, irá deslocar, com o tempo, o financiamento da educação para a iniciativa privada retirando recursos da escola pública e sua expansão. É questão de tempo o aparecimento dos vouchers (algo como uma bolsa) para estudantes em escolas on line privadas.
A discussão vai vir embalada em “introdução de inovações tecnológicas” na educação. O fato é que o mercado já vinha se preparando para entrar neste campo. Recentemente foram feitas alterações que visavam viabilizar este passo, (veja aqui e aqui também), principalmente a liberação de polos de educação à distância no ensino superior. Grandes corporações podem agora ampliar o mercado. Outras virão.
Vale lembrar que nada disso conta com apoio de evidência empírica como mostra Nelson Pretto na própria reportagem da Folha citada acima. Sendo pessoa conhecedora do campo da tecnologia na educação, é uma opinião importante:
“Fica claro um movimento de desresponsabilização do Estado brasileiro com a formação crítica e sólida da juventude, e também com a infraestrutura escolar”, diz.
A privatização da educação tende a dar um salto com o incentivo ao aparecimento da escolas charters on line que prestarão serviços de educação à distância. Não é sem razão que o relator da medida no CNE é do SENAI. As recentes modificações introduzidas pelo governo na composição do próprio CNE, mudando seus conselheiros, viabiliza esta discussão. Vale lembrar que este caminho foi seguido pelos americanos e, hoje, as escolas charters on line americanas estão entre as que estão com piores desempenhos nos relatórios avaliativos (veja aqui e aqui).
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