segunda-feira, 19 de março de 2018

O FACEBOOK OCULTOU PÁGINAS ONDE PROMOVIA SUA CAPACIDADE DE INFLUENCIAR ELEIÇÕES

Mark Zuckerberg, chief executive officer and founder of Facebook Inc., speaks during the Oculus Connect 4 product launch event in San Jose, California, U.S., on Wednesday, Oct. 11, 2017. Facebook unveiled a cheaper virtual-reality headset that works without being tethered to a computer, rounding out its plan for pushing the emerging technology to the masses. Photographer: David Paul Morris/Bloomberg via Getty Images


QUANDO PERGUNTARAM A MARK ZUCKERBERG se o Facebook teria influenciado o resultado das eleições presidenciais de 2016 nos EUA, ele repudiou a possibilidade de que o site pudesse ter esse poder, dizendo que era “loucura”. A afirmativa era inverídica: havia uma seção inteira do site dedicada a divulgar as “histórias de sucesso” de campanhas políticas que usaram a rede social para influenciar resultados eleitorais. Essa página, no entanto, desapareceu, a despeito do início das eleições primárias de 2018 para o Congresso dos EUA.

Capturas de tela do Facebook de junho de 2017, à esquerda, e de março de 2018, à direita, mostram que a rede social removeu sua seção “Governo e Política”. 

Capturas de tela do Facebook de junho de 2017, à esquerda, e de março de 2018, à direita, mostram que a rede social removeu sua seção “Governo e Política”.

Na esteira do reconhecimento público da incomparável capacidade do Facebook de distribuir informações e da ansiedade global sobre interferências eleitorais indevidas, não pega bem alardear a habilidade da empresa de fazer campanhas de influência altamente eficazes.

A página de “histórias de sucesso” do Facebook é um tributo ao domínio da empresa sobre a publicidade online e contém exemplos de quase todos os segmentos que mostram como o uso da rede social pode dar uma vantagem competitiva a certos agentes. “Estudos de casos como esses nos inspiram e nos motivam”, comemora a página. Exemplos atuais incluem a marca de cosméticos CoverGirl (“promover a renovação de uma marca de beleza com anúncios em vídeo no Facebook e no Instagram”) e a empresa norte-americana de sucos Tropicana (“os anúncios em vídeo do Facebook aumentam a percepção da marca de suco de frutas”). Nada muito controverso.

Os estudos de caso de campanhas políticas que o Facebook costumava listar, no entanto, incluíam algumas afirmativas mais interessantes. O trabalho da empresa de mídia social para o governador da Flórida, o republicano Rick Scott, “usou anúncios de link e de vídeo para incrementar o comparecimento dos eleitores hispânicos na disputa bem-sucedida de seu candidato pela reeleição, o que resultou em um aumento de 22% no apoio dos hispânicos e na obtenção da maioria dos votos dos eleitores cubanos”. Já a atuação do Facebook para o Partido Nacional Escocês (SNP), um partido político do Reino Unido, foi descrita como tendo “desencadeado uma avalanche”.

O menu de seleção das “histórias de sucesso”, que costumava incluir uma seção inteira de “Governo e Política” agora desapareceu. Ainda é possível acessar as páginas dos estudos de caso individuais, como o da campanha de Scott e o do SNP, por meio de suas URLs, mas já não constam mais de nenhuma lista.

Um representante do Facebook, em resposta a uma pergunta sobre a exclusão dessas histórias das listas de links, declarou que “alguns estudos foram arquivados, mas ainda estão disponíveis pelos links diretos”. O representante, porém, não respondeu à pergunta sobre as razões para remoção completa da seção “Governo e Política”.

Foto do Título: Mark Zuckerberg, presidente e fundador do Facebook, fala durante o lançamento de produto Oculus Connect 4 em San Jose, California, numa quarta-feira, 11 de outubro de 2017.

Tradução: Deborah Leão

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