Não há nenhuma razão para esses juros altos. A única razão é um assalto à renda do cidadão e da família, e um estrangulamento das pequenas e médias empresas.
Por Jose Dirceu
Bom dia, meus amigos e minhas amigas do Nocaute.
Hoje quero falar sobre juros, os mais altos do mundo no Brasil. O Itaú anunciou um lucro de R$ 25 bilhões, o Bradesco R$ 15 bilhões, o Santander quase R$ 8 bilhões.
Os bancos a cada cinco, sete anos, ganham o equivalente ao patrimônio de cada um com juros. O cartão de crédito e o crédito especial continuam com juros 12%,13% ao mês, e 330%, 340% ao ano. O crédito pessoal, das famílias, para comprar bens duráveis, é de mais de 100%.
Os bancos ganham em média 25% a 30% sobre o dinheiro que tomam emprestado do cidadão. A diferença entre o que os bancos pagam para nós, por colocarmos um dinheiro no banco, e o lucro que têm é de 30% a 40%, chega a 45% em operações no mercado livre.
Se um banco, e o sistema todo empresta hoje, por exemplo, R$ 1 trilhão e meio de recursos livres, se o spread, quer dizer, a diferença que o banco ganha é de 25%, significa R$ 400 bilhões, sobre R$ 1 trilhão e meio. É um assalto. Não há em nenhum país do mundo essas taxas de juros, elas não existem.
Portanto é hora de pedir para os banco explicarem para o país o porquê desses juros altos. O que dizem os bancos? Que é por causa da inadimplência, mas a inadimplência não chega a 3,5% em média, e vem caindo. Dizem que é por causa da tributação, mas a tributação brasileira é considerada uma das mais baixas do mundo. Dizem que é por causa do governo, da burocracia, mas os bancos recebem todos os anos R$ 23 bilhões em tarifas. Com isso praticamente pagam o investimento tecnológico e a folha pessoal.
Não há, portanto, razão, a não ser o monopólio. Os banco mandam. Com um duopólio do Bradesco, Itaú/Unibanco, e o Santander de sócio, e depois o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. É um monopólio.E o controle do Banco Central, o controle da política monetária e do Conselho Monetário Nacional.
Ainda querem dar independência ao Banco Central, como se a política econômica, a política monetária não fosse uma política, fosse uma ciência, uma questão técnica. Não é!
Economia é como organizamos a sociedade, como partilhamos a riqueza, a propriedade e a renda. E cada grupo social, cada classe social, disputa essa renda, que é a renda nacional: o trabalho, o lucro, o aluguel, o governo com os impostos. Os bancos, cada vez mais, tomam parte da renda nacional, e cada vez mais, o trabalho, o salário, perde sua participação na renda nacional.
E não há investimento portanto, porque os juros são altos e todos preferem aplicar no mercado financeiro, viver do rentismo, que é o grande mal hoje no Brasil. E ainda querem acabar com o BNDES. O lucro do BNDES é de cerca de R$ 4,5 bilhões ao ano. Comparem com os R$ 25 bilhões do Itaú. Mas os juros médios do BNDES são de 8,9%.
Se o BNDES pode emprestar 8,9%, por que os outros bancos não podem? É verdade que o cheque especial, o cartão de crédito, têm mais riscos que o empréstimo a uma pessoa jurídica.
A construção civil, por exemplo, caiu 14% o juro, enquanto a Selic caiu pela metade. Por que esse juro alto na construção civil, no crediário, que inviabiliza o crescimento do país? Lembre-se que a construção civil é emprego, que o BNDES é política de infraestrutura, industrial e tecnológica.
Por isso que o BNDES tem que continuar e ser fortalecido. Por isso que os bancos públicos têm que continuar e serem fortalecidos, o sistemas público de crédito no Brasil – ao contrário do que pregam os golpistas e o capital financeiro.
Não há nenhuma razão para esses juros altos. A única razão é um assalto à renda do cidadão e da família, e um estrangulamento das pequenas e médias empresas. Tanto é verdade que o crédito rural é subsidiado pelo governo, o crédito habitacional e de saneamento é subsidiado pelo governo, corretamente, para permitir o desenvolvimento do país.
Portanto meus amigos e minhas amigas, é preciso denunciar e lutar contra essa falácia de independência do Banco Central. Querem mais, agora autorizaram o Banco Central dar a última palavra sobre fusões e aquisições, não mais o Cade. Ou seja, o órgão que tem que combater a formação de monopólios e cartéis, transfere, quando se trata dos bancos, para o Banco Central, que é controlado pelos bancos, o combate ao monopólio.
Pior, criaram uma legislação de normas do Banco Central para impedir a investigação dos bancos em matéria de lavagem de dinheiro. O papel que os bancos tiveram e têm na remessa ilegal de recursos para o exterior e na lavagem de dinheiro. Blindaram os bancos, que agora só têm que fazer acordos administrativos com as autoridades, seja o Ministério Público, a CGU, o Tribunal de Contas da União. Um escândalo!
Cada vez mais os bancos têm mais poder, e o cidadão, a família a empresa, menos. Por isso, use a força do seu voto, a força da sua opinião, a força da sua presença nas ruas para protestar e denunciar o duopólio que domina o país e essa política que favorece o rentismo.
Nada explica esses juros altos a não ser o poder político que eles controlam e dominam. É hora de lutar contra os juros altos, começando em taxar em 50% o lucro extraordinário dos bancos.
Vamos começar por aí, e vamos enfrentar o monopólio bancário.
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