domingo, 8 de abril de 2018

Soberania em xeque

A empresa Google sabe tudo o que pesquisamos e excluímos, os aplicativos que usamos, o que estamos assistindo no YouTube. E não só o Google, o Facebook também mantém um arquivo gigantesco sobre cada um de seus usuários

Por Joaquim Ernesto Palhares 


Carta Maior publica, nesta semana, o artigo de Dylan Curran, consultor de dados e desenvolvedor web, intitulado Está preparado? Aqui estão todos os dados que o Facebook e o Google têm sobre você. O texto saiu no The Guardian e, certamente, vocês ficarão impressionados ao notar a virulência com a qual essas empresas invadem nossa sua privacidade. 

Através do celular, por exemplo, O Google consegue rastrear nossa localização (caso você mantenha o ícone de localização ativado). A empresa, inclusive, armazena esses dados e disponibiliza uma linha do tempo de todos os lugares pelos quais passamos. 

A empresa Google sabe tudo o que pesquisamos e excluímos, os aplicativos que usamos, o que estamos assistindo no YouTube. E não só o Google, o Facebook também mantém um arquivo gigantesco sobre cada um de seus usuários.

O artigo de Curran nos convida a clicar em vários links para conferirmos os dados que essas empresas já possuem sobre nós. O resultado é assustador, como vocês terão a chance de comprovar. Hábitos, interesses, preferências políticas, onde estamos e onde fomos, como está nossa saúde, quem são nossos companheiros, amigos, familiares. Está tudo armazenado, organizado e disponível a interesses vários.

Pior: nós é que preenchemos o cadastro. 

Como afirma Curran, “nunca permitiríamos que o governo ou uma corporação colocasse câmeras e microfones em nossas casas, ou rastreadores de localização em nós. Mas fizemos isso sozinhos porque – ora bolas – quero ver vídeos de cachorros fofos”. 

Ele está corretíssimo. A perversidade do sistema é tamanha que somos nós os fornecedores gratuitos de dados sobre nossa própria vida. Um verdadeiro tesouro nas mãos das corporações sempre a caça de consumidores e do maior controle possível sobre seus funcionários. Uma perigosíssima arma nas mãos de governos autoritários – eles não precisam sequer investigar, os computadores fazem o trabalho – e de organizações criminosas. 

Urge pensarmos em instrumentos de proteção da nossa privacidade e adquirirmos consciência de que tudo o que guardamos em nossos computadores e celulares é público. Inclusive, o celular pode funcionar como um GPS. Não há mais como escaparmos dessas transformações, mas não podemos ficar refém delas. 

Muito menos quando essas gigantes de mídia entram no jogo político como se viu com o Facebook nas eleições norte-americanas. Neste 2018, caso ocorram eleições no Brasil, a venda de publicidade a políticos pelo Facebook não apenas encherá os bolsos de Zuckerberg de dinheiro, mas prejudicará muito mais os políticos de esquerda que tendem a ter muito menos recursos do que os da direita.

Carta Maior não se deixa capturar pela publicidade do Facebook, muito menos pela do Google porque recusamos a vender marcas incompatíveis com nossa linha editorial. E assim fazemos por respeito aos nossos leitores. Nós nos recusamos a jogar o jogo neoliberal porque estamos seguros de que Comunicação não é mercadoria. Comunicação é um direito. 

Por isso que insistimos: cadastre-se em nossa página e receba nosso boletim com artigos e reportagens de primeira linha sobre o Brasil e o mundo. Urge criarmos uma rede progressista de comunicação independente e mobilizável a qualquer momento, sobretudo, ante a conjuntura conturbada que se avizinha. 

Precisamos nos tornar cada vez mais conectados e independentes dessas empresas e, também, autossustentáveis. A Mídia Alternativa precisa ser empoderada e este poder será conferido não pelas corporações, tampouco pelos golpistas, mas pelos leitores de Mídia Alternativa. 

Este, inclusive, foi o caminho encontrado pelo jornalismo independente nos Estados Unidos e em vários países da Europa (leia mais). É a única forma de continuarmos a existir, abrindo espaço a narrativas que escapem do discurso neoliberal. Não temos tempo a perder. O que está em jogo é a soberania do país.

Aos leitores que acessam nossa página, respeitam o nosso trabalho e estão conosco na resistência contra o golpe, pedimos: torne-se parceiro da Carta Maior (saiba como aqui) e nos ajude a garantir a autossustentabilidade deste projeto. 

Boas leituras,

Joaquim Ernesto Palhares

Diretor da Carta Maior

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