sábado, 26 de maio de 2018

Está em curso um golpe dentro do golpe



Os desenvolvimentos mais recentes da conjuntura permitem delinear um quadro de um golpe dentro do golpe. Isso aí se daria em cinco ou seis movimentos.

O primeiro é a greve dos caminhoneiros que fez com que fosse gerada uma crise de abastecimento. A impopularidade do Temer foi levada para um grau insuportável, assumindo contornos de enfrentamento com a população que já não suporta mais esse governo golpista.

Em um segundo movimento, a Comissão de Justiça do Senado acaba de aprovar uma nova lei que regulamenta como se dá o processo de eleição indireta no Congresso Nacional para caso de vacância da presidência e da vice-presidência. Isso foi aprovado agora no dia 23 de maio.

Depois disso, aparentemente, temos uma situação em que o governo Temer é levado a renunciar por sua absoluta incompetência e incapacidade de gerir os destinos do país. E isso pressupõe a realização de uma eleição indireta como foi aprovado agora pela Comissão do Senado e que deve ser aprovado pelo Congresso Nacional.

Com isso a gente teria a eleição de um governo biônico dentro do golpe e o adiamento das eleições para um futuro incerto. Isso, claro, porque eles não conseguiram coesionar suas forças em torno de nenhum candidato, nem conseguiram desmoralizar o Lula, nem o movimento dos trabalhadores. E por isso precisam de uma solução qualquer que permita uma saída pro desastre que se aproxima para eles com as eleições marcadas para 2018.

A coisa está meio se delineando nesse sentido.

Muitos perguntam: “bom, e como fica o exército, os militares nisso?” O exército fica como garantidor da ordem. Acho que nesse processo nem interessa pros militares tomarem diretamente o poder, porque isso contribuiria para tirar a máscara de que foi um processo democrático, civil, controlado pela sociedade etc.

Portanto, acho que a cartada do exército será na preservação da ordem, na repressão aos movimentos. Na garantia de que vai ser respeitada essa farsa judicial. Mas, é claro também que ninguém pode garantir que tudo isso funcione, porque o que nós estamos assistindo é uma guerra de máfias dentro do Congresso, quadrilhas se degladiando, ninguém tem um projeto muito claro.

E tudo isso pode escapar do controle. Mas dentro do possível, do que dá pra perceber nos últimos desenvolvimentos da conjuntura, é esse quadro em seu conjunto.

Eu espero estar completamente enganado, tomara que não seja nada disso.

Mas acho que o que se delineia é um golpe dentro do golpe.

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