As pesquisas eleitorais confirmam que todos os arbítrios perpetrados contra Lula não surtiram os efeitos planejados pela ditadura Globo-Lava Jato.
É ainda mais paradoxal: aconteceu exatamente ao contrário do esperado. A cada dia fica mais claro que a ditadura se encontra num beco sem saída. Além de não ter nenhuma chance de vencer a eleição de outubro, assiste passivamente ao triunfo político, eleitoral e moral do Lula.
A ditadura iludiu-se que depois da prisão política montada por meio da farsa jurídica dos procuradores, policiais federais, Moro e TRF4, Lula estaria eleitoralmente morto.
Mas Lula, ao contrário, então alcançou índices nas pesquisas que lhe garantem a vitória em primeiro turno. Além disso, o PT recuperou a hegemonia da preferência partidária perante 25% das pessoas, e o lulismo se transformou num fenômeno subjetivo que povoa o imaginário das grandes massas que não protestam nas ruas, mas que se rebelarão nas urnas.
Foi então preciso desrespeitar a ONU e converter o Brasil em nação-pária para cassar o registro da candidatura do Lula – também na ilusão de que, banindo-o das urnas, conseguiriam impedir a vitória dele. Mas esse desejo, porém, também está condenado ao fracasso.
Mesmo arbitrariamente impedido de ser sufragado por mais de 70 milhões de brasileiros, Lula preserva uma potência política e eleitoral invejável, capaz de eleger Fernando Haddad/Manuela D´Ávila ou quem definir como seu herdeiro na eleição.
Bolsonaro continua patinando no patamar dos 20%-24%, apesar da dose cavalar de exposição midiática recebida depois do ataque a faca, e apesar do empenho da Globo em edulcorar o perfil do fascista – o que, convenhamos, é uma façanha irrealizável, como o próprio candidato atestou ao posar para fotografia na UTI fazendo o gesto de arma de fogo.
Em breve Bolsonaro será ultrapassado pelo Ciro Gomes, para quem ele perderá votos, porém não a liderança do sentimento anti-petista.
Alckmin virou pó, tal como aconteceu com seu antecessor na presidência do PSDB, o Aécio Neves; e, ainda por cima, carregará o fardo de conduzir o partido à sua mais estrondosa derrota da história.
Marina Silva confirma a profecia de candidata que definha no meio do caminho e, portanto, já saiu do radar do establishment, que a vê como opção tíbia e ineficaz no enfrentamento ao lulismo e ao petismo.
O potencial de votos totais de todos os demais candidatos antipetistas [somados], será marginal.
Para magnificar o desastre para a ditadura, é preciso ainda sublinhar que, mesmo sem nenhuma declaração do Lula indicando-o como seu sucessor, na primeira pesquisa na qual figura, Haddad já aparece empatado no segundo lugar, com quase 10%.
Marcos Coimbra, do Vox Populi, sustenta que Lula não precisa mais que 6 horas para transferir milhões de votos a Haddad. Quando for noticiado Lula pedindo voto ao ele, Haddad será rapidamente catapultado à liderança nas pesquisas. A partir daí, a hipótese de sua vitória no primeiro turno passará a ser uma realidade bastante tangível.
Não há nenhuma garantia de que o establishment e sua ditadura aceitem qualquer resultado nas urnas que não seja a continuidade do golpe.
O arsenal de medidas totalitárias à disposição do regime de exceção é considerável. Impedir qualquer candidatura petista, cassar a propaganda partidária, proscrever o PT ou suspender a eleição são possibilidades que não devem ser desprezadas, assim como a promoção de sofisticadas fraudes no processo de votação.
A restauração democrática para que se possa iniciar a reconstrução econômica e social do Brasil é uma necessidade vital que, todavia, só será assegurada com a ampla mobilização e vigilância da consciência democrática nacional e internacional.
JEFERSON MIOLA
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
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