Independência ou fraude!
Por Gustavo Conde
A fraude no 'atentado de Juiz de Fora' não consiste em saber se a faca entrou ou não entrou, se teve sangue ou não, se o esfaqueador obedeceu ordens ou não, se a cirurgia realmente ocorreu conforme o boletim médico divulgado ou não.
Mesmo com probabilidades imensas de não serem fatos, na esfera do discurso e das pressões ideológicas, tudo isso vira diversionismo.
A fraude é na interpretação do acontecimento. É no oportunismo eleitoral. É no subproduto noticioso desencadeado pela comoção cenográfica em torno de uma factualidade simples, que é uma ‘tentativa de agressão com objeto cortante’.
Essa é a fraude.
O evento de Juiz de Fora pode provocar o cancelamento das eleições. Há militares ligados a Bolsonaro e a seu vice fazendo reuniões desde ontem.
A turma do golpe, por sua vez, não está para brincadeiras.
Eles se sentiram encurralados pelo povo que vota no PT e partiram para o plano Z, já que o B, o C, o D e todo o maldito alfabeto latino de variáveis maquiavélicas fracassaram.
A fraude é o desdobramento, não a origem. Esse é o grande álibi discursivo dos eternos fraudadores de democracia: enquanto se discute se alguém pagou pelo 'serviço', o gerenciamento da informação institucional interessada deita e rola com seu encadeamento narrativo.
Neste momento, até a blogosfera tem medo. Entram em cena as palavras ‘cuidado’, ‘prudência’ e ‘cautela’, todas a serviço do silêncio, evidentemente.
O sintagma ‘teoria conspiratória’ também emerge com força, justamente para frustrar qualquer enunciado que destoe da linha oficial promovida pelas editorias institucionalizadas - pela história e não simplesmente pelo poder.
O jogo é pesado. A imprensa quer esmagar a internet e começa a conseguir o feito através deste acontecimento, mobilizando as próprias fobias adormecidas da cena crítica digital: todos, neste momento, têm medo.
Emblemático para uma imprensa que vira as costas para a realidade há tanto tempo e emblemático para o contraponto a esta imprensa – a cena digital – que se descobriu sem cacife técnico para disputar esse tipo de luta narrativa fratricida e extremamente perigosa.
A rigor, todos sabem do caráter fraudulento e intimidatório dirigido à esquerda subscrito em um acontecimento como aquele de Juiz de Fora. Mas quem vai ter a coragem de formular essas hipóteses em português claro?
Há, portanto, mortos e feridos do comentário político em todos os lugares, não apenas na imprensa museificada.
É nessa hora que recobro minha atenção à coragem e à força de Lula. Ele combate esse regime de fraudes narrativas desde 1978. Não tem medo, não recua, não ajoelha e não desiste.
A linha para um pensamento crítico consistente deveria ser essa.
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