sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Bolsominions arrependidos: CPMF mostra que presidente eleito comanda uma nau à deriva. Joaquim de Carvalho

         Publicado por Joaquim de Carvalho
                               Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Globo/Jornal Nacional

A página criada no Instagram “Bolsominions arrependidos” não para de crescer. Em dois dias, chegou a 317 mil seguidores.

Algumas pessoas que eu conheço, que não votaram em Bolsonaro, estão seguindo página, e é provável que a maior parte dos seguidores seja mesmo de quem nunca apoiou o presidente eleito.

Portanto, não têm do que se arrepender, mas querem ver como reagem os bolsominions de verdade diante do que se anuncia como o maior estelionato eleitoral da história.

Gente que votou em Bolsonaro sem saber direito o que ele é capaz de fazer, como uma jovem brasileira entrevistada por TV português. O vídeo está na página “Bolsominions arrependidos”.

A repórter, da SIC TV, pergunta: “O que o Bolsonaro pode trazer ao Brasil?”

A jovem responde: “Mudança.”

A jornalista quer saber: “Que tipo de mudança?”

A bolsominion ri, vira a cabeça e tenta uma explicação:

“Muitas coisas boas, mudança, tirar o PT do poder, e é isso.”

A repórter lembra o óbvio:

“O PT já tirou. O que ele pode trazer de bom”.

A jovem pede socorro: “Ai, Paulo, vem aqui falar”. E ri desconcertada.

Gente como essa jovem comemorou a vitória na frente da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e gritava:

“Tiramos a quadrilha do poder”.

O PT já está fora desde 2016, quando o PSDB se uniu ao PMDB para derrubar Dilma Rousseff e instalar um governo cujo projeto de restrição de direitos deve ser radicalizado com Bolsonaro.

Esse eleitor de Bolsonaro não sabe direito o que pode vir por aí, mas algumas coisas ele rejeita.


Por exemplo, a recriação da CPMF, o imposto sobre transações financeiras. A medida está em estudo pela equipe econômica de Jair Bolsonaro, conforme informou o economista Marcos Cintra ao jornal O Globo.

Mas, com a repercussão negativa da notícia, Bolsonaro tratou de desautorizar sua equipe no Twitter, numa movimento que vem se repetindo nos últimos dias.

O coordenador político Onyx Lorenzoni anunciou a fusão do Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente, e Bolsonaro, com a repercussão negativa, disse que estudava recuar da proposta.

Agora, desmente Marcos Cintra, professor da FGV, ex-deputado e ex-vereador de São Paulo, um politico conservador, mas sério.

“Desautorizo informações prestadas junto a mídia (sic) por qualquer grupo intitulado ‘equipe de Bolsonaro’ especulando sobre os mais variados assuntos, tais como CPMF, previdência, etc.”, tuitou Bolsonaro.

O presidente eleito não completou uma semana depois do fechamento das urnas e já dá demonstração de que é o comandante de uma nau à deriva.

A página “Bolsominions arrependidos” tem muitos eleitores de Haddad, mas os verdadeiros arrependidos devem estar por aí, bloqueando qualquer manifestação negativa pelo orgulho.

O desembarque é uma questão de tempo, basta ver como reagiram à notícia da recriação da CPMF, na transmissão que fiz hoje de manhã, no Café da Manhã com o DCM (veja abaixo).

Muitos bolsominions assistiram à transmissão, como fazem rotineiramente na DCM TV, pareciam atônitos e repetiam: “fake news, fake news, fake news”.

Bolsonaro é um extremista de direita, e tentará emplacar sua agenda regressiva.

Para isso, ele não pode perder esse apoio inicial, mas terá que mostrar serviço.

Fazer um governo que vá além do slogan “Deus acima de todos, Brasil acima de tudo”.

Se quer desonerar o empresário, com a retirada da contribuição patronal para financiar a Previdência, terá que tirar dinheiro de algum lugar.

CPMF seria um caminho, mas, como negou que recriaria o tributo durante a campanha, vai ter dificuldade de iludir seu eleitor nesse ponto específico.

Para quem queria um período de paz, Bolsonaro será um governo de fortes emoções.

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