segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Joaquim Levy: figura referencial na rota dos fracassos, por Andre Araujo

          Foto: Lula Marques

Por André Araújo

A nossa vida econômica e politica está plena de "figuras referenciais", aqueles vultos solenes, sóbrios, de ar grave, que inspiram respeito por sua expressão sempre séria, de quem carrega os destinos do mundo nas costas. O personagem, pois disso se trata, parece ter sido sempre o primeiro da classe nos incontáveis cursos, mestrados, pós graduações, doutorados, quem duvida de sua sapiência?

Joaquim Levy, um engenheiro naval que poucos sabem se alguma vez projetou um navio, lancha ou canoa, deixou de sua trajetória pública más recordações. Secretário da Fazenda do pior governo jamais visto no Estado do Rio de Janeiro, voltou para Washington, sua base material, familiar e espiritual onde ocupa importante cargo na petrea burocracia do Banco Mundial e depois retorna, sempre como personagem referencial e de salvação, para o Ministério da Fazenda da Presidência Dilma, de onde novamente sai sem resultados positivos, retornando a sua base norte-americana.

No famigerado governo Cabral participou inclusive do celebre jantar conhecido como "farra dos guardanapos", o que mostra sua proximidade com o então governador. Tambem de notar como sendo o guardião do caixa do governo não tenha percebido a existência de dezenas de "esquemas" que se formaram para morder justamente o Tesouro sob sua guarda.

Dirão os céticos, mas ele não teve culpa dos fracassos e retruco mas se fosse bem sucedido de quem seria o credito? Dele, ora, MAS então o insucesso é sempre dos outros, não é mesmo?

O fato é que Joaquim Levy não traz boas lembranças na administração publica brasileira.

Sua escolha foi de Paulo Guedes, a quem o Presidente eleito Bolsonaro atribui com exclusividade a seleção, deixou isso bem claro para quem ouviu sua manifestação sobre essa escolha.

Mais curioso ainda é o cargo, o BNDES é a máxima expressão do nacional desenvolvimentismo, os economistas neoliberais de expressão radical como Guedes e Levy abominam a simples existência de bancos públicos, mais ainda de fomento, eles acham que o mercado é que deve prover recursos para investimentos em tudo, inclusive infra estrutura de natureza publica, para empresas privadas então é até pecado pensar em um banco emprestar com recursos do Estado, na visão deles.

Qual então o papel de um dos sacerdotes do neoliberalismo à brasileira em um banco que lembra a Era Vargas? Não será nunca um papel de dinamismo para o banco, será evidentemente um papel de ressecamento do banco, não se pode ainda extingui-lo porque foi criado por lei e só por outra lei poderá ser fechado, o que hoje seria indigesto para o Congresso.

Mas desconfio que seja outro o papel reservado por Guedes a Levy. Será a interlocução com as autoridades financeiras dos EUA que evidentemente são conhecidas de Levy, que mora e respira o poder em Washington e pode ser o "link" do novo comando econômico do Brasil na capital americana.

Algo mais foi prometido a Levy pela ligeireza com que aceitou o convite largando sua base segura
no Banco Mundial para entrar em um cenário bastante arriscado, deixando a família no frio de lascar das margens do Potomac para sofrer o calor carioca de terno e gravata.

A figura referencial mais uma vez nos visita e fará novamente o sacrifício de viver na ponte aérea Galeão-Aeroporto Dulles, é muito sacrifício mas é tudo em nome de uma boa causa.

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