quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Bolsonaro pensa que ganhou a eleição


Por Ricardo Melo

Os desatinos sucessivos a que o Brasil assiste perplexo têm uma origem inapagável: a famiglia Bolsonaro e seus cúmplices acreditam mesmo que ganharam as eleições.

A realidade sempre disse o contrário. Somando-se os votos de Fernando Haddad, os nulos, brancos e abstenções, Bolsonaro foi claramente minoritário. Pura aritmética. Isso sem falar no principal: o candidato favorito dos brasileiros, Lula, foi impedido de concorrer graças a um processo manipulado por Sérgio Criminoso Moro.

O fato ficou ainda mais escancarado quando se revelou que o ex-capitão, praticamente expulso do Exército, valeu-se de uma máquina de mídia eletrônica ao mesmo tempo ilegal e difusora de mentiras. Os acontecimentos recentes vão na mesma direção. Fabrício Queiroz, laranjas eleitorais, ministros corruptos –tudo aponta para um governo ilegítimo, "eleito" fora da lei, com o intuito exclusivo de destroçar os tímidos avanços sociais conquistados a partir do governo Lula.

Vamos combinar, nem mesmo Bolsonaro acreditava que o Planalto cairia no colo dele. Prova disso é a falta absoluta de programa, equipe, propostas verdadeiras que não imprecações vulgares em posts de duas centenas de caracteres. Depois que a gigantesca fraude eleitoral foi consagrada pelo grande capital e a mídia gorda como "alternância democrática", tratou-se de montar às pressas algo parecido com um governo.

Daí surgiu esse monstrengo que vemos em ação. Um presidente que, além de ignorante e despreparado, carece de saúde -dizem que fruto de uma facada muito mal explicada-; uma famiglia idólatra de milicianos paramilitares, genocídios e saudosa da ditadura; generais e coronéis a rodo na administração; uma turma econômica semelhante aos velhos vendedores de enciclopédia destinada a entregar o Brasil e os brasileiros à banca local e internacional; e outra chusma de ministros que, quando não carregam extensas capivaras judiciais, são devotos de um astrólogo alucinado ou pés de goiaba.

Não se tire daí a conclusão de que inexista uma confluência de interesses nessa maionese administrativa vencida. Toda essa gente está determinada a retroceder o Brasil à condição de colônia. Nessa conspiração anti-Brasil inclui-se o Judiciário e o Legislativo.

Só que, mesmo para isso, é preciso "combinar com os russos", como diria Garrincha. Os russos, no caso, são os brasileiros que em sua maioria rejeitam as propostas reacionárias, privatistas e liquidadoras de direitos sociais. As pesquisas confirmam isso. Direto e reto: você acha que esse Congresso eleito à base de um laranjal representa o povo? Ou que esse STF acovardado pode defender a Constituição?

Os tempos pela frente não serão fáceis. Bolsonaro é um presidente ilegal e ilegítimo. Um usurpador barato, títere a serviço dos interesses do "Deus Trump". As cartas estão na mesa. Resta saber se a oposição terá caráter, determinação política e disposição de combate para organizar a maioria em defesa da soberania do país contra os fraudadores da vontade popular.

Ricardo Melo

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