terça-feira, 26 de março de 2019

Bolsonaro precisa ser derrubado

Xavier: a bola está com a oposição


Joaquim Xavier

Confesso estar cansado de ler dezenas e até centenas de artigos afirmando que Jair Bolsonaro é protofascista, limítrofe, ignorante e gente da pior espécie, refém de milicianos. Tudo isso já era patente desde a campanha eleitoral e sua passagem pelo Congresso. O diagnóstico confirma-se com sua eleição fraudulenta.

O problema agora é diferente: o Brasil vai aguentar isso por quatro anos? Essa é a discussão do momento. Parece impertinente especular sobre o assunto tendo o país saído recentemente do drama de um golpe descarado contra a democracia. Mas nem sempre se pode escolher a circunstância ou o terreno do combate. Agora, trata-se de defender a democracia.

Bolsonaro precisa ser derrubado o quanto antes. Isso mesmo, o quanto antes. Caso contrário, o seu instinto de destruição, confessado publicamente em território chileno não encontrará limites. Este é o mote. Cabe saber como colocá-lo em prática.

Governos não caem por gravidade. É preciso que os de cima estejam divididos, insatisfeitos. E que os de baixo não suportem mais viver como estão. As duas condições vão se reunindo com uma rapidez impressionante.

Parte da elite já percebeu que a famiglia Bolsonaro reúne grupo de tresloucados, cheio de capivaras policiais, incapaz de gerir um carro de pipoca. Cercou-se de militares, mas mesmo estes já notaram que não se constrói governo nenhum tendo como farol um astrólogo destrambelhado. O pessoal do dinheiro grosso, à exceção dos bancos, enxerga no horizonte a liquidação da indústria, o encolhimento do agronegócio e à volta às migalhas da condição colonial. 

É um caminho irreversível a se manter o curso atual. Os organismos internacionais não cansam de chamar a atenção para a estagnação da economia mundial. A eclosão de uma nova débacle, igual ou pior à de 2008, é questão de tempo. 

O capitalismo vive uma crise sem proporções. Os abutres sabem disso melhor que todos nós. Tratam, portanto, de arrebanhar as pratarias – e o Brasil é uma delas. Pré-sal, Amazônia, bases militares, estatais lucrativas, liquidação da aposentadoria, escravização da força de trabalho, liberação de assassinatos, fim do ensino público – é preciso correr para chegar primeiro.

Entre os de baixo, o sentimento pode ser medido pelas enquetes. Bolsonaro despenca para o abismo com a mesma velocidade com que consegue escrever um twitter. Seu governo é cada vez mais odiado. Quando não é odiado, é repudiado.

Veja-se o desemprego.

Não há plano nenhum para amenizar o flagelo que atinge pelo menos 40 milhões de brasileiros, entre desocupados “oficiais”, “desalentados” e as famílias que vivem de bicos. O centro de São Paulo é ocupado por moradores sem teto e desempregados desesperados. O programa Minha Casa, Minha Vida, fonte de empregos e de habitação para a maioria que não tem onde morar, foi literalmente aniquilado.

Obras públicas estão paralisadas. Incentivos para a indústria e agronegócio vêm sem cortados pelo BNDES e Banco do Brasil, mas oferecidos de mão beijada aos EUA. Devem estar sendo desviados para comprar Coca-Cola e miniaturas do Mickey e do Pateta. Os investimentos estrangeiros puxam o carro literalmente como demonstram montadoras.

O que fazer diante disso é a pergunta que a oposição deve responder. Mourão, viúva da ditadura militar, no lugar do capitão Pateta? Parlamentarismo de emergência, com Rodrigo “Botafogo Odebrecht” Maia? Novas eleições, com Lula Livre e uma Assembleia Constituinte Soberana? 

São várias as opções, cada uma com seu viés ideológico. Mas são para já, e dependem da mobilização popular para acender o pavio e inverter a relação de forças a favor da soberania nacional. 

Aos olhos do povo, quem ficar esperando “2022” vai afundar junto com esse desastre que toma conta do Brasil. 

Joaquim Xavier

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