segunda-feira, 25 de março de 2019

Instabilidade na América Latina e o “muro do Trump”.

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Nonato Menezes - O Êxodo, sobretudo, de africanos para a Europa, tem pai e mãe: a própria Europa.

Há séculos que a Europa vive de saques, de genocídios e desorganização política e social dos povos e comunidades nativas africanas. Muito do que há de clássico, nobre e rico na Europa é fruto de roubo e acobertamento de crimes, os mais hediondos, em várias partes do mundo, principalmente da África.


Essa pilhagem secular, além do empobrecimento, das guerras intermináveis, produz êxodos. Esses, no entanto, não podem ser impedidos com um muro. A Europa não tem como construir um muro para impedir a entrada dos seus indesejados. Cercar a Europa inteira com um muro é simplesmente impossível, mesmo com os milhões de sobreviventes de suas próprias maldades.

Além de a Europa não ter como evitar a entrada em seu território do “produto” de suas atrocidades, também, não tem como impedir os êxodos provocados pelos Estados Unidos da América, a mais violenta nação do mundo.

Ao contrário do Velho Continente, os EUA têm apenas uma porta como principal acesso aos latinos descontentes com seus países de origem ou deslumbrados com as terras Yankees. Essa condição, que não é a única, pode ter feito despertar o instinto hediondo de Donald Trump, a ser satisfeito, em parte, com a construção do muro na fronteira com o México.

Mas o que há por trás do ânimo em construir o muro na fronteira com o México é bem mais preocupante, além de atender desejos de um presidente psicopata. É apenas mais uma das tentativas de retardo do ocaso do Império.

Construir um muro na fronteira trata-se da estratégia dos EUA em bloquear - ou tentar – o ingresso descontrolado de latinos, motivado pela planejada desestabilização regional, cujo início mais promissor e mais desejado é a invasão da Venezuela, cantada por Trump e seus cães de guarda.

A estratégia, portanto, vem se arrumando segundo a convergência de pontos sensíveis da geopolítica mundial, sendo estes, alguns deles;

  1. A emergência de novos poderes globais, sobretudo, Rússia e China;
  2. A crise do próprio Império, considerada por alguns analistas como ingrediente de peso na já perceptível decadência;
  3. A previsível crise energética do Império, pois o saque do petróleo iraquiano e da Líbia não lhes garantiu segurança por muito tempo, assim como suas reservas internas estão a se exaurirem em curto prazo;
  4. A perda de influência do Império na Ásia Central, África e na própria Europa, sendo que esta, envolvida com suas crises, não pode rejeitar os investimentos na e da promissora China e da Ásia como um todo, hoje sob forte influência do Dragão e do Urso.
Esse contexto tem forçado o retorno do Império ao seu “quintal”, motivado, também, pela necessidade de bloquear a “invasão chinesa”, de ampliar a “operação saque” das riquezas regionais, sobretudo, energética, com prioridade para o petróleo da Venezuela e do Brasil.

Esse retorno à região, em ritmo acelerado e violento, carece de um renovado “Big Sitck”, a despeito das consequências que sofrerá toda a região. Que num recorte histórico podemos apontar o golpe no Paraguai como o primeiro passo do grande projeto e sua continuidade na submissão do governo colombiano e na criação de “capangas eleitos”, sendo o da Argentina e do Brasil, os principais.

É nessa lógica que se insere a construção do “Muro Trump”, com o objetivo de bloquear o máximo possível a diáspora latina que brotará da instabilidade regional, a começar pela Venezuela com a simples previsão que todos nós pagaremos por ela.

A novidade, portanto, é que os Yankees não contavam com a participação dos russos e chineses no baile. Um baile que não será apenas no salão Venezuela, mas em toda região. Com risco de termos que contemplar fogos de artifício iluminando o Atlântico e o Pacífico, sem desconsiderarmos a possibilidade de fogueiras em algumas cidades norte-americanas.

2 comentários:

  1. Ótimo artigo Nonato. Dá uma idéia básica da geopolítica trumpiana. Mas estão esquecendo que o centro do mundo econômico já está na Ásia.

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  2. Será se a América Latina escolherá o caminho do perdedor, mestre Rossi?

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