terça-feira, 21 de maio de 2019

Diego Maradona: Camorra, cocaína e a derrocada do mito

O documentário de Asif Kapadia traz imagens inéditas e a voz do jogador argentino ao repassar sua ascensão e ruína pelo Napoli, da Itália

Diego Maradona
Maradona, durante sua etapa no Napoli, em uma fotografia do documentário. 


"Quando estou em campo deixo de lado a vida, os problemas, tudo some”, diz Diego Armando Maradona no início do documentário Maradona, um percurso pela fase do jogador argentino no Napoli, da Itália, onde primeiro foi amado, depois convertido em Deus e, por fim, lançado ao inferno. Asif Kapadia, diretor de Senna e Amy, contou com imagens inéditas e entrevistas com o astro, usadas em offnos momentos confessionais, em um filme que estreou fora da competição no Festival de Cannes.

Kapadia sofreu com o filme. Começou em 2012 e com relutância: um jornalista britânico mostrou-lhe as imagens, mais de 500 horas, gravadas por dois cinegrafistas contratados pelo representante de Maradona de 1981 a 1987. Outro motivo que deixava de pé atrás o documentarista, fã de futebol, é que pela primeira vez iria se concentrar em alguém vivo. Enquanto o processo avançava lentamente e os contatos com Maradona atrasavam, Kapadia concluiu Amy (2015) e ganhou o Oscar. Então, aproveitou o impulso.

Maradona começa com um prólogo rápido que resume sua passagem pelo Boca Juniors e pelo Barcelona (essa parte, que ocupava uma hora, foi condensada em cinco minutos para que o filme permanecesse com duas horas de duração). Em 5 de julho de 1984, Maradona ("Estou mais interessado na glória do que na grana", diz) chega ao Napoli, um dos piores clubes da Itália e o único que o quis. Em sua coletiva de imprensa de apresentação irrompe um dos temas do filme: perguntam-lhe se a Camorra, organização da máfia italiana, financiou a contratação. Descontrolado, o presidente do clube, o polêmico Corrado Ferlaino, expulsa o jornalista. Quando Maradona entra em campo, em uma grande faixa se lê: "Obrigado, Ferlaino. Obrigado, Maradona", com o nome do jogador mais escondido. Ferlaino não é o cara mau do filme, mas contribuiu para o desastre emocional de Maradona.

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