quinta-feira, 2 de maio de 2019

Países não quebram, por André Motta Araújo

Entre emprego e alguma inflação e nenhum emprego e moeda estável, a opção é óbvia, há cura para a inflação, não há cura para a fome.



Países não quebram

por André Motta Araújo

O SHOW DE DESINFORMAÇÃO DA MÍDIA BABA OVO

Comentaristas de mídia dos times de política e economia esbanjam desinformação aos seus ouvintes e espectadores. Um dos mantras é “o Brasil está quebrado”. E escutam isso de “economistas de mercado” do circuito Banco Central-Casa das Garças-New York. UM PAÍS NÃO QUEBRA.

Um País é um conceito do mundo antropológico, geográfico e histórico. Um Estado é um ente do mundo jurídico, diferente de uma empresa ou uma pessoa física. Um País pode continuar a existir mesmo após a devastação de uma guerra total que destruiu sua estrutura física e institucional, caso da Alemanha em 1945. Um Estado pode ficar insolvente em moeda estrangeira por falta de divisas, mas tampouco quebra porque mesmo que não pague suas dívidas no exterior esse Estado continua a existir, não desaparece, não tem suas fronteiras fechadas como uma empresa falida tem seu portão lacrado.

O Brasil no Século XX ficou seis vezes insolvente em moeda estrangeira e nunca parou de funcionar até de forma razoavelmente bem.

O CASO DO BRASIL

Hoje o Brasil é absolutamente solvente em moeda estrangeira, tanto que tem livre movimentação da conta capitais, moeda estrangeira entra e sai livremente do País, sem necessidade de autorização governamental, como no passado até recente. Em moeda nacional a solvência é absoluta porque o Estado brasileiro pode resgatar a qualquer momento toda sua dívida interna em moeda nacional imprimindo dinheiro, uma capacidade única que só um Estado tem.

Então a ideia de que o “Brasil está quebrado” repetido na Globonews (alo, alo Camarotti) é um “fake news” absoluto, culpa da mais pura ignorância.

DE ONDE VEM A MENTIRA DO “PAÍS QUEBRADO”

Vem do “mercado financeiro”, principal fonte de informação dos comentaristas econômicos dos jornais, rádios e Tvs do Brasil.

Há uma disputa de recursos do Tesouro, o “mercado financeiro” quer reservar para si, com exclusividade, R$300 a 400 bilhões por ano para receber os juros da dívida pública, seu principal negócio e maior fonte de lucro dos bancos, fundos e corretoras que compõe “os mercados”, a dívida é a matéria prima.

Para ter certeza desse dinheiro reservado só para si, “os mercados” precisam afastar os concorrentes na pegada desse dinheiro, o maior concorrente hoje é a Previdência Social, então é preciso neutralizá-la com a Reforma da Previdência, é fundamental impedir que a Previdência pegue esse recurso porque ele é reservado para “nós, do mercado”, daí a insistência na Reforma, “se não fizermos, o País quebra”, na realidade, “se não fizermos não sobra dinheiro para nós, do mercado”.

No passado o concorrente “dos mercados” no uso do dinheiro do Tesouro eram as grandes obras públicas, mas esse concorrente foi neutralizado pela Lava Jato que, por isso mesmo, foi fortemente apoiada “pelos mercados”. Eles eliminaram um concorrente, não tem mais investimentos em usinas hidroelétricas, estradas, hospitais, saneamento, petróleo, assim sobra dinheiro para “os mercados”, receberem R$400 bilhões por ano de juros pagos pelo Tesouro. Pela mesma razão rasparam o caixa do BNDES (alô Joaquim Levy, o “mãos de tesoura”) em R$500 bilhões para o Tesouro ter mais dinheiro para os juros pagos “aos mercados”. Todas as “reformas” se destinam a catar dinheiro onde estiver para destiná-lo aos rapazes da Faria Lima.

Mas e o investimento público, o crescimento, os empregos? Ora não amole, dizem “os mercados”, não é assunto de nosso interesse. Aliás, melhor ainda, ao eliminar o investimento público abre-se espaço para novos negócios para nós “dos mercados”. Invés de investimento público, concessões, privatizações. Já imaginaram quantos negócios virão de vendas das oito refinarias da PETROBRAS? Cada refinaria significa um banco de investimento “advisor” do vendedor, outro faz a modelagem , outro a avaliação, dois “brokers”, um de cada lado, é um maná de negócios, uma festa, tudo gente nossa, amigos de longa data, do mesmo happy hour na Rua Dias Ferreira (como é bom o Quadrucci), se não for no bar nos encontramos no restaurante “Oro” (menu degusração R$350 sem bebida) do chef Felipe Bronze ou no bate papo no Millenium, na Casa das Garças ou no voo para New York, que bacana.

O Brasil ficou para nós, caem fora os grandes estrategistas e planejadores do Estado brasileiro, os homens que projetaram Itaipu, descobriram o pré-sal, revolucionaram a agricultura brasileira no centro oeste pela Embrapa, criaram milhões de empregos na indústria de bens de capital, bélica, naval, petroquímica, os Delfim, Geisel, Thibau, Reis Velloso, Estrella, Lucio Meira, Romulo de Almeida, já se foram, agora “somos nós os operadores de bolsa”.

OPÇÕES ALUCINADAS NA ÓTICA DOS MERCADOS, PARA PENSAR

Opção 1 – O Tesouro paga, no máximo, o índice de inflação na dívida pública, nada mais. Não quer? Emite dinheiro e resgata. Fecha o câmbio, volta a FIRCE.

Opção 2 – O Tesouro injeta R$2 trilhões em obras públicas, R$100 bilhões por mês. Em dois anos acaba o desemprego no Brasil.

Mas e a inflação? Muito pouca porque há capacidade ociosa de 30 a 40% na mão de obra e capital físico no País, se houver será pouca.

Entre emprego e alguma inflação e nenhum emprego e moeda estável, a opção é óbvia, há cura para a inflação, não há cura para a fome.

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