Desde quando currículo escolar é matéria de sigilo? É ponto essencial para entrada no mercado de trabalho, por exemplo. E não seria para o cargo de Ministro da Educação?
Por Luis Nassif
Nessa reação atrasada contra vazamentos, criou-se uma confusão danada em torno do vazamento das notas do Ministro da Agricultura na Faculdade de Economia da USP. O vazamento chegou a ser equiparado ao das conversas entre a ex-presidente Dilma Rousseff e Lula.
Devagar com o andor.
Onde a ética recomenda respeito ao sigilo:
Nos inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público.
Nos casos de doenças graves, que a vítima pretende manter em sigilo. Admite-se quando pode afetar a vida do país. Por exemplo, a doença grave de um presidente da República.
Orientação sexual da pessoa, em temas que nada tenham a ver com o assunto. Vale quando expõe hipocrisias. Por exemplo, um homofóbico assumido ser gay.
Nos casos de suicídio ou morte trágica, evitando divulgar detalhes em respeito à família e ao próprio morto.
Hoje em dia, não existe sigilo para processos cíveis e criminais, para salários de funcionários públicos, para os gastos do governo, para as compras do STF, para o orçamento da PGR.
A troco de quê esse escândalo com a divulgação do currículo escolar do Ministro da Educação? Desde quando currículo escolar é matéria de sigilo? É ponto essencial para entrada no mercado de trabalho, por exemplo. E não seria para o cargo de Ministro da Educação?
O Ministro ataca as universidades, afirma que os alunos comparecem para fazer política ou ficar nus, corta orçamento de maneira brutal, buscando inviabilizá-las, não demonstra o menor respeito pela pesquisa e pela tecnologia. O mínimo que se esperaria dele seria um currículo impecável como universitário. Inclusive para demonstrar que não se trata de uma revanche contra seu próprio fracasso como acadêmico.
A mediocridade do Ministro está demonstrada em sua produção acadêmica ridícula, já exposta pela imprensa, e, agora, no seu currículo escolar.
Pretender que currículo escolar é material sigiloso parece muito mais má consciência pela maneira como se tratou até hoje o tema, em questões muito mais graves.
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