Curitiba, 10 de setembro de 2019
Camarada Lula
Não sei se em alguma carta anterior já te chamei de camarada.
Posso chamá-lo assim?
Gosto da palavra.
Para mim ela significa companheiro. Me dá também a sensação de compromisso e afeto.
Responda se quiser.
Lula, melhor camarada, como vê, em Curitiba, depois do frio e da chuva ressurge o sol, junto florescem os ipês amarelos. Há ruas que amarelaram inclusive as calçadas.
Apesar das denúncias da VazaJato que têm saído na imprensa, comprovando os crimes da lava jato, tenho a impressão de que Moro, Dallagnol & cia não “amarelam”.
Tomará que esteja enganado.
Lula, pelas entrevistas que têm concedido, sei que está informado dos graves crimes praticados pelos integrantes da lava jato.
No início desta semana mais diálogos vieram a público.
Desta vez, aquelas gravações criminosas que, ao impedirem você de assumir o cargo de ministro, selaram o futuro da Dilma, dando condições para o golpe contra a nossa presidenta eleita com 54 milhões de votos.
Como você já conhece tudo, não vou comentar…
Mas, peraí, vale a pena só um pitaco sobre o covarde do Dallagnol, que nunca quis te interrogar.
No meio das tramas do golpe e da sede de prendê-lo, ele disse, entre os seus, com todas as letras que “a questão jurídica é filigrana dentro do contexto maior que é político”.
Como pode um procurador da República que deveria zelar pelo cumprimento da lei dizer tal aberração?
Agora, mais do que nunca, está tudo claro, cristalino. Tudo o que fizeram foi puramente político e não jurídico.
Para a turma da lava jato, a questão jurídica é filigrana.
Desculpe camarada, ia terminar depois de frase acima, mas não aguentei.
O negócio é tão escandaloso que sou obrigado a te perguntar: será que estamos mesmo sendo governados por meliantes?
Epa, fui traído pelo inconsciente. Eu ia escrever milícias e saiu meliantes.
Eu sei, sim, que há diferenças, mas às vezes se entrelaçam.
O inconsciente me traiu porque todos os dias os governantes, nos quais incluo o Sérgio Moro, por omissão ou ato, fazem apologia à violência e ao crime.
Ontem, por exemplo, foi divulgada uma foto de Eduardo Bolsonaro ao lado do pai no hospital.
Detalhe: na foto aparece o cabo da arma na cintura do deputado.
Não é próprio de miliciano?
Hoje o mesmo Eduardo, ao chegar para uma reunião na Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, fez questão de dizer que estava armado. E — pasme! — ainda mostrou o revólver.
Isso não é próprio de milicianos?
Até breve.
Jorge Sanches
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