POR FERNANDO BRITO
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Quando o beneficiário de um golpe político-institucional confessa que aquilo foi um golpe saímos, afinal, do campo das versões para o dos fatos indiscutíveis: houve um golpe de Estado na deposição de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Foi isso que ocorreu com a admissão feita por Michel Temer, ontem, no Roda Viva, de que ‘não fez empenho” e não “era adepto” do golpe que o levou à cadeira presidencial.
Como golpe não se dá por geração espontânea nem cai do céu como chuva, impõem-se duas outras questões que precisam acompanhar o nome que teve aquilo: o parlamento, seu executor, e aquilo que criou as condições para esta execução: o lavajatismo judiciário e a sua legitimação por uma mídia cúmplice deste processo de demolição do poder eleito.
Em seu blog, o jornalista Kennedy Alencar resume bem as conclusões inevitáveis do surto de sinceridade de Temer:
Tornou-se evidente o papel de Moro e da Lava Jato na derrubada de Dilma, o que foi uma interferência política ilegal do Judiciário no Executivo. Numa democracia plena, isso não poderia ter ocorrido.
O relato de Temer ao programa apresentado pela jornalista Daniela Lima tem forte peso histórico. Ele deixa claro que o motivo para Lula ser indicado para a Casa Civil destrói o argumento da Lava Jato, de Moro e também do STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir que o petista assumisse o posto.
Embora ainda se careça do reconhecimento destas duas outras verdades, a confissão de Temer, ao menos, tem uma serventia: a de acabar com o “lero-lero” de que “as instituições democráticas funcionaram”.
Não, não funcionaram: cevaram, produziram e se vergaram a um golpe.
Golpe, como reconhece seu beneficiário que passa para a história, portanto, como golpista confesso.
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