domingo, 17 de novembro de 2019

“As igrejas evangélicas são um problema de segurança nacional na América Latina”, diz escritor. Na mosca

           Publicado por Kiko Nogueira
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Luis Fernando “Macho” Camacho é cidadão de bem, temente a Deus

A cena do líder golpista Luis Fernando “Macho” Camacho ajoelhado diante de uma Bíblia no Palácio Quemado dá a dimensão da força dos evangélicos na Bolívia.

Camacho está sempre brandindo o livro e segurando um terço em seus discursos. Vive citando versículos.

Declara-se católico, mas o apoio organizado vem das igrejas evangélicas.

Qualquer coincidência com Jair Bolsonaro é mera semelhança. O modus operandi é o mesmo. 

Camacho diz que quer “devolver o país a Deus”.

Em vídeos, militares aparecem orando após a derrubada de Evo. Um coronel foi a um culto consagrar as Forças Armadas a Jesus Cristo.

São empresas milionárias, articuladas com a extrema direita e dispostas a tudo, inclusive a abraçar corruptos, milicianos, assassinos — o diabo.

O escritor colombiano Santiago Gamboa falou dessa influência nefasta no continente em seu último livro, “Será Larga la Noche” (“Será Longa a Noite”, não lançado no Brasil).

Camacho (centro) diante de uma Bíblia e da bandeira da Bolívia, no Palácio Quemado, sede do governo

“As igrejas evangélicas são um problema de segurança nacional na América Latina”, afirmou para a BBC. “Estão pondo a democracia sob seu controle, estão trabalhando ativamente pela corrupção”.

“Acabamos de ver nas eleições de prefeitos e governadores como igrejas evangélicas em muitas regiões vendiam diretamente os votos de seus fieis a chefes políticos locais”, afirmou.

De acordo com Gamboa, em Bogotá, mais de cem igrejas apoiaram o candidato da direita — que não venceu — nas últimas eleições.

Os pastores o apresentaram como um “bom homem”, juraram que Cristo estava em seu coração e deram a ordem de votar nele.

“Isso é usar a democracia para chegar ao poder e então se tornar antidemocrático”, diz Gamboa.

Não é diferente, essencialmente, do Estado Islâmico ou dos talibãs. Todo fundamentalista considera seu messias melhor que o dos outros.

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