segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

De um jornalista brasileiro que mora na Suíça: “Me perguntaram se deveriam me saudar com gesto nazista”

Roberto Alvim imita Goebbels no famoso discurso que lhe custou o cargo

Da coluna de Jamil Chade no UOL:

No meu bairro, todos se conhecem. Ou quase. Um lugar pacato. Para alguns, um lugar chato. No correio ou no açougue, perguntam como vai a família, se meu pai já se recuperou ou se acho que Neymar voltará ao Barcelona. Fala-se também da perspectiva de neve, de histórias nem sempre verdadeiras sobre vizinhos ou dos planos para o ano.

Mas, neste fim de semana, algo diferente ocorreu. Ao entrar na mesma padaria de sempre e chegar ao caixa, a senhora que ali trabalha há anos me sorriu de forma irônica e, antes que eu dissesse qualquer coisa, perguntou: “temos de saudar um brasileiro agora com gesto nazista”?

A pergunta que fere era apenas uma brincadeira de uma velha conhecida e que passa seus dias tentando agradar meus filhos distribuindo chocolate. Mantive o bom humor. Mas, além da baguette de baixo do braço, deixei o local com a alma pesada.

A notícia sobre o deslize nazista do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, havia repercutido na imprensa internacional. CNN, BBC, The Guardian e tantos outros apresentaram o mais novo escândalo nacional dentro de um contexto de um governo repleto de deslizes. O que eu não esperava era a reação que se acumularia entre os estrangeiros sobre um fato aparentemente doméstico.

(…)

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