Omar dos Santos
Tivemos um ano difícil, mas já tivemos outros tantos também ruins. Os que mandam se descuidaram muito do povo, mas temos a mania da Amélia; “sofrer calado”.
Nos caminhos... nas ruas... nas praças... esse povo, brasileiros sem pão e sem dignidade, forma, por dias e noites, uma dolorosa fiada, cujo linha é a luta para entregar um currículo repleto de sonhos e esperanças de ter um emprego. Mas isto parece não incomodar nem um pouco a consciência da elite mandatária desta nação.
Uma filha, ao lado da viúva, chora sobre o corpo do pai, que morreu no chão do hospital, após esperar por mais de nove meses, por uma cirurgia, e foram tantos, que sem muito gosto, “descansaram, levados por esta mesma doença”. Impassível, o governo manda dizer que está “cuidando do normal”, que está planejando, promovendo a devida concorrência pública, e que “loguinho” a rede pública vai ter algodão, analgésico, fio de sutura, reparo no raio-x, água quente para lavar nenéns e idosos, essas coisas difíceis de se conseguir. Diz que vai ter até médicos.
Nas escolas públicas, faltaram professores, zeladores, merenda, transporte escolar e livros – a casa quase caiu! Mas a polícia abandonou as ruas e veio cuidar dos professores e disciplinar os perigosos alunos, esses inimigos da sociedade.
Esse povo pobre foi convencido de que assalto, estupro e morte são coisas naturais do meio em que vive, que isso vêm marcado no destino da gente humilde. Só na capital federal, trinta e cinco mulheres foram vitimadas por feminicídio, – o crime da moda –, no ano que chega ao fim. A sociedade chorou, fez manifestos, sepultou suas vítimas... o governo lamentou, prometeu rigor na apuração dos responsáveis, e pronto. Cumpriu sua missão.
Tem saída? Claro que tem saída!
O ano que vai apear da garupa do cavalo de Cronos poderá não ser muito melhor do que isto que aí está, mas ele traz na sua essência a marca do novo, e isto não é pouco.
Por ser novo, pode trazer ao povo brasileiro aquilo que sempre nos faz seguir em frente, mas que estão tentando nos tomar como se toma o brinquedo de uma criança; – a esperança. Com ela a nação caminhará como povo; seguirá com o povo; existirá para o povo. “Tente outra vez, a canção não está perdida...”.
Dessa forma, poderemos, o povo, dar luz à utopia de sermos um país aonde não teremos a suprema dor de ver, como vimos ontem, crianças pedindo ao Papai Noel, não um brinquedo, mas uma cesta básica ou um botijão de gás. Tão teremos a grande vergonha de ver um moço, que mora na rua, chorando de emoção por ter podido, em um caminhão de caridade, tomar um banho, fazer a barba e escovar os dentes para passar o Natal com outros companheiros e companheiras de moradia.
Mensagem que ofereço a todos os companheiros dessa viagem.
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