quarta-feira, 3 de junho de 2020

Mourão se inviabiliza como solução da crise

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Estúpido e boçal, o artigo publicado hoje no Estadão pelo general Hamilton Mourão, só ajudar a entender como o vencedor da dança das cadeiras em que Jair Bolsonaro escolheu seu vice – depois de perdidas as opções Janaína Paschoal e o “príncipe” Orleans e Bragança – não é capaz de representar, nem transitoriamente, uma opção de pacificação da vida brasileira.

A começar pela estúpida afirmação de que estariam “umbilicalmente ligados ao extremismo internacional”:

“A apresentação das últimas manifestações contrárias ao governo como democráticas constitui um abuso, por ferirem, literalmente, pessoas e o patrimônio público e privado, todos protegidos pela democracia. Imagens mostram o que delinquentes fizeram em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Registros da internet deixam claro quão umbilicalmente ligados estão ao extremismo internacional.”

Diria o saudoso comediante Costinha ao general: “tás brincando?”.

Ora, general, quem está umbilicalmente ligado ao extremismo internacional é o clã a quem o senhor serve, no Governo. O senhor sabe quem é Steve Bannon, o empresário de partidos extremistas? O senhor viu o ex-embaixador nos EUA bajulando Matteo Salvini, o neofascista italiano, ou ucraniano Volodymyr Zelensky, cuja bandeira de inspiração fascista desfilava no meio dos bolsonaristas?

Será que a “tia” do taco de beisebol e o “bombado” vice-líder do seu governo, Daniel Silveira, que ameaça dar tiros no peito e na cabeça dos outros, são os “pacifistas”?

Invocar as manifestações de 2013 é quase um ato falho, pois elas acabaram por servir à direita que o general integra e integrava, mesmo fardado ainda, insurgindo-se contra um governo legítimo. A entre os baderneiros, como ao menos um se flagrou, oficial do Exército, organizando blackblocs e jamais punido.

Depois, chamar manifestações mandando o Exército fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal são apenas ” exageros retóricos impensadamente lançados contra as instituições” o que é? São os “tios” nervosinhos, que falaram demais?

Será que o Ministro Celso de Mello, que enxerga a tentativa de usar as forças armadas como força para implantar-se uma ditadura é um tolinho, do alto e seus mais de 30 anos de magistratura?

A maior dúvida que resta, general, é para quem o senhor escreveu este artigo. Certamente não foi para a ganhar o respeito da opinião pública sensata deste país. Ou para que seus pares militares no Planalto vejam que está (está?) firme com o “chefe”.

Porque ficou parecendo isso, general.

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