Não foram os “70%” que #tentamos. Foram poucos os que, efetivamente, cederam espaço na esperança de que as instituições funcionassem.
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#Tentamos
por Fernando Horta
A verdade é que esta deveria ser a “hashtag” da esquerda. Falo da esquerda “de verdade” assumindo um purismo bem popular. A esquerda de verdade é aquela que enxerga em Bolsonaro apenas o porrete que a “mão invisível” do mercado (de Guedes) está empunhando neste momento.
Não basta a remoção do furúnculo que ocupa a presidência. É preciso também a posição firme de revogar tudo o que desde Temer vem sendo feito.
Se conseguirmos a recomposição da Justiça do Trabalho e da CLT, o fim da famigerada lei do “Tetos de gastos”, a revogação da “Reforma da Previdência” e avançarmos numa reforma tributária, reforma financeira cujo objetivo seja o fortalecimento da Educação e da Saúde Públicas e gratuitas no Brasil, o impeachment até se torna desimportante. Poderíamos colocar Bolsonaro na mesma clínica que está Adélio Bispo e criar um moto contínuo de tentativa de assassinato seguida de criminalização dos “comunistas”. Ad Aeternum.
Esta esquerda “de verdade” a que me refiro é aquela que ficou em terra pátria no segundo turno, virando os dias na panfletagem para o Márcio França contra o Dória. Que era “desesperadamente” Eduardo Paes contra Witzel e Anastasia contra Zema. A esquerda de verdade “nunca critiquei” Sartori no RS na tentativa de evitar o Leite derramado.
Esta é a esquerda do #tentamos.
E estamos tentando desde 2013. Ninguém fez mais pelas instituições brasileiras do que esta esquerda, Lula e Dilma. Enquanto esta galera ficava no sol enfrentando relinchos de fascista na rua tentando virar voto, Dilma aceitava um processo farsesco de impeachment sem acenar um dedo para o autoritarismo e Lula se deixava ser preso em outro processo farsesco mesmo quando a militância, em São Bernardo do Campo, dizia que resistiria.
Ali, o jogo era na bola.
Os juízes e ministros do STF eram respeitados, ainda que em total conluio com o golpismo da época. Militares eram mantidos dentro da caserna. Local de onde, por exemplo, podem esconder seus gordos salários e sua inutilidade sem afetar a democracia.
Jornalistas (até os críticos venenosos e desleais) eram tratados com sorrisos, com liberdade e cortesia. Governadores e prefeitos, de qualquer partido, eram ouvidos. Parceiros ou não recebiam o seu quinhão para exercerem o seu mandato. E nem precisamos falar do Congresso …
O #tentamos é uma palavra libertadora, mas também uma sinalização de fim. É chegada a hora de dar um ponto final nesta “institucionalite” que atingiu esta esquerda. O poder político não se restringe aquele mediado pelas instituições. Temer e Bolsonaro mostraram isso.
Enquanto Temer exercia poder pela burocracia corrupta do Estado, Bolsonaro se sustenta no fascismo verde-oliva e das polícias militares e civis pelo país. São demonstrações claras de que as instituições importam muito pouco hoje. E, enquanto a esquerda seguir esperando o “próximo recurso” e a “próxima decisão” do ministro-salvador-da-pátria, o fascismo só crescerá.
E não se diga que nós não #tentamos.
Tentamos manter o país com suas instituições de pé. Dilma cedeu uma presidência sem pisar fora das instituições, e Lula foi preso por 580 dias sem prova alguma. Se estas não são comprovações cabais de respeito às instituições, então é porque elas não merecem ser respeitadas mesmo.
É chegada a hora da esquerda lançar mão do que sempre foi seu historicamente. Daquele poder que ela tem por fora das instituições e equilibrar o jogo. E que não digam que ele “não é bonito”. Não há nada mais belo e renovador do que a turba, enfurecida, gritando por seus direitos.
#tentamos, não deu. Agora o Brasil precisa renascer de outra forma.
Ninguém poderá dizer que não #tentamos evitar. Nem o pessoal que fica em Jacarepaguá e Curicica, nem aqueles que foram para Paris.
Não foram os “70%” que #tentamos. Foram poucos os que, efetivamente, cederam espaço na esperança de que as instituições funcionassem.
Na prática, foram apenas Lula, Dilma e a imensa parcela do povo pobre e oprimido deste país, que hoje sofre na mão invisível de Guedes-Bolsonaro.
E este povo quer se reencontrar.
E é preciso que se reencontrem.
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