terça-feira, 13 de outubro de 2020

O sentimento fálico dos “membros“ do Judiciário e MP, por Giselle Mathias

Os “membros”do Poder Judiciário e do MP agem como se fossem o próprio poder e por este motivo não aceitam ser criticados ou questionados sobre suas condutas, valores e códigos morais na vida profissional e particular.

         Por Jornal GGN

O sentimento fálico dos “membros“ do Judiciário e MP

por Giselle Mathias

No início de outubro o jornal Folha de São Paulo publicou matéria sobre os penduricalhos da magistratura e do Ministério Público, demonstrando o gasto absurdo que o Estado brasileiro tem com essas categorias.

Além dos altos salários os tribunais, principalmente, os estaduais e militares criam auxílios para permitir ganhos que exacerbam, e muito, o ganho médio do servidor público.

As associações de magistrados defendem o ganho e o justificam por não serem considerados “servidores públicos”, visto que possuem vitaliciedade como garantia de independência. No entanto, aparentemente, usam a garantia de independência como meio de se colocarem acima do Estado e de toda a sociedade, beneficiando-se da vitaliciedade para garantir altas remunerações, e impor a todos seus conceitos conservadores, além de interferir diretamente na política e na gestão do Estado, sem que tenham sido eleitos para tanto.

Absurdamente, as declarações de juízes, procuradores e promotores sempre estão permeadas por uma soberba, como se aqueles que ocupam esses cargos estivessem acima das falhas humanas, e, portanto, seriam ungidos de uma isenção e princípios éticos quase divino, que os permitisse ditar suas regras, inclusive, em total afronta Às leis e princípios do Direito.

Os “membros”do Poder Judiciário e do MP agem como se fossem o próprio poder e por este motivo não aceitam ser criticados ou questionados sobre suas condutas, valores e códigos morais na vida profissional e particular. Hoje, alguns “membros” do judiciário e do MP, após a alta exposição midiática das últimas décadas, passaram a se considerar o próprio Estado, ungidos por uma entidade, pois estão acima do povo e da sociedade, e possuem como missão conduzi-los para o “bem”. Afinal, o povo não sabe votar, não sabe o que precisa e nem sabe como se conduzir moralmente.
Talvez seja necessário pensar para além da construção cultural oligárquica que forma o Poder Judiciário e MP, refletindo sobre o que representa simbolicamente essas categorias serem classificadas como “membros”, e, não, simplesmente, como servidores públicos que possuem algumas prerrogativas em razão da função exercida.

Segundo Juan David Nasio, psicanalista argentino, “não devemos nos esquecer, simplesmente, de que somos sempre, como sujeitos, efeitos do significante”. E a partir da fala de Juan David Nasio pode-se entender que a definição de “membro” do Poder judiciário e MP represente, na construção simbólica, a equiparação de magistrados, procuradores da República e promotores A divindades fálicas de tempos remotos, as quais representavam a proteção e a agressividade, aquelas que perpetuavam a vida e neutralizam as coisas ruins.

E como divindades fálicas, enquanto “membros”, representativas do patriarcado, do poder, a partir da castração simbólica da sociedade, e da crença de serem os únicos detentores dos valores morais e de uma falsa isenção humana, esses homens e mulheres consideram estar além do bem e do mal, sem que por isso possam ser julgados ou questionados em qualquer espaço.

A construção simbólica dos sujeitos enquanto “membros” vitalícios do Sistema Judicial os transformou em uma casta de intocáveis, que não estão sujeitos Às normas e regras estabelecidas para os cidadãos. Os “membros”, enquanto divindades fálicas, decidem o que serve ou não a essa sociedade de mortais infantilizados, determinando, inclusive, a partir de suas crenças, o crime a partir do sujeito e não do tipo penal descrito na norma; usando como justificativa a “livre interpretação”, pois acreditam que não estão sujeitos às normas e aos princípios do Direito, mas apenas a sua própria divindade, que dizem ser a consciência.

Acreditam tanto em sua superioridade que defendem receber do Estado ganhos abusivos, sem considerar as condições de desigualdade do país; defendem a “meritocracia” e o sistema capitalista, e não abrem mão de serem sanguessugas dos recursos estatais, através de inúmeros penduricalhos financeiros.

Portanto, não há possibilidade de retomada do processo Democrático neste país enquanto não houver uma reforma profunda no Sistema Judicial brasileiro, enquanto não se fizer uma critica contundente e análise profunda de como esse sistema é constituído cultural, sociológica e ATÉ psicanaliticamente. O primeiro passo, talvez, seja defini-los como servidores públicos, e, não como “membros”, divindades fálicas, detentoras do destino humano.

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