Como país central do capitalismo e imperialista continuará a usar as armas tradicionais e as armas de guerra híbrida.
Entre cruz-credo e deus-me-livre ficaram na encruzilhada da falta de opção
por Francisco Celso Calmon
O sistema imperialista estadunidense continuará o mesmo. A fachada e a linguagem poderão mudar e nessa alteração pode haver um distanciamento ao governo bolsonarista do Brasil. Para nós da esquerda isso é desejável e crível. Mas pode ser que não seja assim, apenas a coleira do Bolsonaro mudará de dono.
Continuarão a prejudicar o povo da Venezuela, Cuba e de todos os independentes ao alinhamento automático e serviçal ao império ou podemos esperar mudanças? É cedo para prever.
Recordemos que foi no governo do democrata e negro Obama que a presidenta Dilma e a Petrobras foram espionados. Como também foi nesse governo o restabelecimento total das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. O embargo econômico continuou porque o Poder Executivo não tem autoridade para pôr fim ao embargo, é prerrogativa do Legislativo.
Talvez não sejam tão descaradamente intervencionistas, tão afrontosamente antidireitos humanos, apedeutamente negacionistas e tão milicianos como o governo de cá. Malgrado a cultura belicosa e mafiosa da política interna que pode provocar alterações, a depender dessas forças atiçadas pelo Trump. Não esqueçamos que lá matam presidentes e políticos de outros países e deles próprios (4 presidentes assassinados).
Há algo que não sabemos ainda, qual foi o acordo com o senador e postulante a presidente, Bernie Sanders, que desistiu para apoiar Biden. Qual será a sua influência no governo? Pela quantidade de jovens comemorando a vitória do presidente eleito, podemos inferir que há expectativas positivas, quais serão?
Como país central do capitalismo e imperialista continuará a usar as armas tradicionais e as armas de guerra híbrida. É importante identificarmos as armas, contudo, mais importante é combater quem as empunha.
Desde o gole de 2016 que as ilusões deveriam ter sido perdidas. Ocorre que aqueles que acreditam na humanização do capitalismo, numa socialdemocracia brasileira, estão aos poucos impondo suas narrativas e disfarçadamente a conciliação de classes está retomando implicitamente.
Não será alterado o sistema de dentro do Estado e por meio do direito. A soberania popular só será sustentável se for de baixo para cima.
O capitalismo, com a pandemia, deu demonstrações inequívocas de que não defende a vida e nem os direitos decorrentes desse direito primígeno que é a vida e sua dignidade.
A crise econômica iniciada em 2007/2008 ainda persiste e induz o crescimento do nazifascismo como forma de enfrentar suas consequências sociais.
Ao fascismo não basta nos opor, se não formos também anticapitalistas e antiimperialistas.
É provável que a disputa EUA versus a China atinja a todos os países periféricos, e para a América Latina se manter independente, mais do que ontem é necessário, imprescindível, fortalecer a união dos países que a integram.
A revolução social deve estar no radar da politica brasileira, mesmo que a correlação de forças na quadra atual necessite ser alterada a favor do povo, e leva tempo, porém, não para pregarmos continuamente sua histórica necessidade.
Os instrumentos de ‘agitprop’, do parlamento às ruas (virtuais e físicas), precisam ser operados permanentemente, só assim disputaremos mentes e corações em favor do socialismo democrático.
Sem ilusões, com os pés no chão da terra, da moradia, do trabalho e das escolas, percorrermos o longo caminho no eixo da luta de classes em prol da organização e consciência dos trabalhadores. Será através dessa organização e consciência que será construído um projeto de nação unificadora das forças vivas democráticas e socialistas no Brasil.
Que os bons votos ventos da Bolívia, Chile, Argentina, soprem para cá e motivem o povo brasileiro a ser sujeito de sua própria emancipação.
O canal resistência carbonária estará realizando um debate nesta terça-feira, 10, com o tema: os ventos que sopram lá, soprarão cá?
Francisco Celso Calmon, da coordenação do canal resistência carbonária, ex-coordenador nacional da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça – RBMVJ
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