Militância e bandeira do PT (Foto: PAULO PINTO)
Por Flávio Aguiar
(Publicado no site A Terra é Redonda)
Esclareço desde logo: em São Paulo, apoiei Boulos e Erundina desde a primeira hora. Respeito as demais opções à esquerda. Esclareço: na paulistânia, Boulos, além de ser um super-quadro, traz o vento favorável da renovação geracional, e injeta racionalidade no PSOL, para longe do primarismo ressentido anti-petista que caracterizou várias lideranças do partido, do norte ao sul, de leste a oeste. E Erundina, do alto de seus oitenta anos, se renova, junto a Boulos.
Dito isto, sublinho: por sobre a malta de seus eternos coveiros, o PT continua sendo o maior partido de esquerda do Brasil, um dos maiores e melhores da América Latina e do mundo. Que se defenda a frente anti-bolsonaro que se queira: ampla, popular, de esquerda, de centro-esquerda, etc. Qualquer delas, sem o PT, sem o Lula, não vai prosperar.
Ao contrário do que alardeiam seus coveiros, o PT saiu-se galhardamente nestas eleições municipais. Nunca um partido e suas lideranças foram tão enxovalhadas e desacreditadas pela mídia mainstream do Brasil por tão longo tempo e com argumentos tão falsos e contundentes, tão mais contundentes quanto mais falsos, porque esta equação exige uma operação interna de quem nela embarca de mãos e pés juntos, qual seja, aquilo que em inglês se chama “suspension of disbelief”, a “suspensão da descrença”. No campo político isto significa o abandono de qualquer espírito crítico e independente, para aderir à grosseria das falsificações mais grosseiras. Não que o PT seja um convento onde entram apenas monjas e monges “sans taches et sans reproche”, longe disto. Mas a mídia mainstream e os inimigos do povo quiseram fazer dele o bode expiatório de todos os males que afligem o campo político brasileiro e mundial. Jogaram em cima do PT a pecha de ser o partido mais corrupto da nossa história, quase o fundador da corrupção; de ter jogado zilhões de reais fora para ajudar regimes supostamente ditatoriais e comunistas. Na verdade, nunca a corrupção foi tão investigada quanto sob os governos do PT; e foi sob estes governos que o Brasil juntou o lastro indispensável de reservas expressivas em moedas internacionais, para ser um receptor seguro de investimentos em escala mundial, já que a nossa burguesia prefere cada vez mais investir suas polpudas reservas em paraísos fiscais de reputação mais que suspeita, além dos supermercados de Miami. E algumas vezes houve a ajuda de expressivas lideranças de esquerda: não me esqueço das cenas televisivas da líder psolista, com sua camisetinha t-shirt, ombro a ombro com Netinho (apelido mais carinhoso de ACM Neto), investigando as supostas mazelas do suposto mensalão, cuja existência nunca foi provada e, parodiando o Ulisses de Fernando Pessoa, “por não ter vindo, veio e ficou”. Mais ainda: pela esquerda, acusou-se o PT e Lula de tudo. Desde terem “desarmado as massas”, que nesta visada estavam sempre prontas para invadir o Palácio do Planalto como se fosse o de Inverno em São Petersburgo em 1917, até terem desavergonhadamente favorecido o capital através do incentivo ao consumismo por parte dos pobres e miseráveis.
Enfim, vou encurtar a história: nesta nossa, o PT veio para ficar. Ele faz parte inalienável da pluralidade das nossas esquerdas. Já falei de Boulos e do PSOL; para não dizer que não falei de flores, parodiando o Vandré, vamos de Manuela e PCdoB/PT em Porto Alegre. E em tempo: os coveiros do PT ganharam agora um valioso aliado, o Sr. Barack Obama, através de suas memórias; muito coerente, pois, afinal, a Lava Jato foi gestada em sua terra durante seu governo.
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