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O Gordo e o Magro. Foto: Reprodução
PRA NÃO DAR A CARA À TORTA EM BRIGA DE COMPADRE
Por Pedro dos Anjos, especial para o Viomundo
No basta sólo el lamento, miremos la realidad (verso da Cantata Santa Maria de Iquique)
Ao final da última Grande Guerra uma decepção.
Pelo menos, em alguns países como a França e a Itália. Afinal, a esquerda tinha se notabilizado pelo heroísmo na Resistência. Todavia, nas eleições que teriam lugar naqueles países após a derrota do Eixo, a direita venceu.
No Brasil, a ditadura varguista foi seguida pela eleição, não de alguém do campo anti-nazifascista, mas do entreguista e anti-comunista Dutra, em cujo mandato jogaram-se fora as reservas guardadas durante a guerra, ao torrá-las na importação de ioiôs e bambolês, eletrodomésticos e carros de luxo.
As esquerdas têm sido a força combativa na luta contra o bolsonarismo.
Mas, teria sido um golpe de sorte vencer a batalha das eleições e levar de roldão tanto ele quanto seus ex-sócios de golpeachment, prisão do Lula e liquidação dos direitos trabalhistas e previdenciários das maiorias.
Desde a era dos governos petistas, nos falta trabalho cotidiano com o povo. Só com a sua retomada poderemos voltar a ser uma força de verdade e batalhar em eleições com chances reais de vitória!
Por ora, qualquer pessoa pode constatar que a preocupação com o semelhante e o bem querer do outro esfumaçaram-se.
O maligno espírito competitivo do capitalismo baixou na massa.
Do paraíso das classes dominadoras foi instalar-se – como um anjo caído – no inferno das periferias e rincões onde vivem as multidões dominadas.
Ali, a competição – evidentemente – não é pelo deus-lucro. Não. É pelo favor miúdo, a pequena vantagem, talvez a cesta básica das próximas semanas.
Em escala difícil de estimar, numa parcela dos dominados entranhou-se ainda mais a “esperteza” cínica, legado maldito aprendido com os dominadores.
Pior, o negacionismo acerca da pandemia da Covid-19 transcendeu o bozonanismo. E tornou-se horizontal, associando-se à quase alienação frente ao sofrimento alheio e diante da denúncia do genocídio em curso.
Os neofascistas escarram que há uma guerra cultural travada pelas esquerdas. Nisto eles têm razão.
Só que a estamos perdendo de lavada, ora para eles, ora para os neoliberais de verniz mais educado.
Devemos, pois, assumí-la, com combatividade, criatividade e retomada do trabalho de formiguinha com o povo.
Não carecemos apenas de teorias sociais reoxigenadas, mas fundamentalmente de uma nova práxis entranhada no cotidiano e nas lutas da gente dominada deste país.
Do contrário, seremos todas e todos nós, agora e geracionalmente, meras vítimas inglórias das externalidades dos conflitos próprios do capital, sofrendo passivamente os efeitos da luta entre a direita neoliberal e a direita neofascista.
No gif pastelão abaixo – tomado emprestado do pungente documentário canadense The Corporation –, dá pra ver a tal da externalidade explodindo na cara de quem não produziu, animou ou cogitou a briga dos compadres.
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