quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

VIVA O BOTAFOGO DE GARRINCHA, NILTON SANTOS E DIDI

                    Por Gabriel Barbosa
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Por Gustavo Castañon

Manga, Carlos Alberto Torres, Mauro Galvão, Marinho Chagas e Nilton Santos, Heleno de Freitas, Gerson, Caju e Didi, Jairzinho e Garrincha. E deixa o Quarentinha, o Amarildo e o Zagallo no banco!

Meu amigo Cappelli comparou o PDT ao Botafogo em seu último artigo. Fiquei lisonjeado, na verdade nem eu faria tanto, conhecendo nossas limitações ao longo da história.

O motivo da comparação, no entanto, não era lisonjeiro, era a continuação do escarnecimento da “frentinha”, que ele tem feito nos últimos dias. Seja qual for seu motivo para isso, não estou aqui para alimentar a discórdia, mas para oferecer uma outra visão em relação a sua avaliação que considero equivocada.

Na essência, a avaliação de Cappelli das eleições 2020 é semelhante à minha, podemos dizer que é fruto de dados muito objetivos: a “antipolítica” minguou, Bolsonaro se enfraqueceu, a centro direita venceu, como sempre vence eleições municipais. Por fim, ele, ao menos reconhecendo a estabilidade do PDT, também avalia que a esquerda se enfraqueceu ainda mais. Até aqui, 100% de concordância.

Então Cappelli começa a falar de negacionismo, e acusa quem disso? Aos comunistas que sofreram a pior derrota e continuam se destruindo associando sua imagem ao PT? Ao PT que perdeu relevância em todos os critérios de avaliação e se implode agora numa guerra interna sem precedentes? Não. Ele acusa de negacionismo o PDT, o único partido cuja estratégia e discurso conseguiu manter sua força nacional.

Já Lula, diz que está finalmente colocando os pés no chão. Que tipo de malabarismo discursivo é esse? Isso é que é negacionismo, o resto, é conversa.

Ele diz que somos como o Botafogo, iludidos por Maia, o que não entendi se foi uma alusão ao apelido lava-jatista do democrata. Diz que ninguém lembra qual foi o último título relevante do Botafogo. Ora, todo mundo se lembra dos títulos mundiais que o Botafogo clássico trouxe ao Brasil com sua fábrica de gênios.

Assim como todos se lembram do governo que construiu um país moderno e soberano liderado por Vargas. Já do que deixou Lula, em alguns anos, ninguém lembrará. Que pena que política não é futebol.

Não comemoramos a queda do Flamengo para a segunda divisão, mesmo porque o PT está hoje mais para o Íbis (bem, parece que o Íbis tem vencido ultimamente, não? Poderia dizer Vasco, mas sou vascaíno e nem para vice o PT tem sido suficiente). Na verdade, a derrocada do PT é uma desgraça que ele impôs a toda esquerda, e grande parte de nossas dificuldades eleitorais hoje se devem ao fato de sempre termos sido leis aliados do PT, sem qualquer recíproca nunca, jamais.

A queda do PT para a segunda divisão não é algo que comemoramos, é algo que precisamos constatar e avaliar. Que precisamos deixar claro para que os agentes políticos deixem de delirar em praça pública. E nós temos que fazer essa “autópsia” agora porque, como alguém disse espirituosamente, o PT se recusou por quinze anos a fazer qualquer tipo de autocrítica.

O que hoje chama de “ilusão”, Cappelli e Dino defendiam ardentemente há um ano. Conversas com Maia, FHC e Huck eram divulgadas como troféus. Da pena de Cappelli só se via loas à frente ampla como a única opção diante do fascismo. Ciro sempre concordou com isso, mas diferente deles, sempre deixou claro a ressalva de que a condição para a frente ampla era a mudança de parte da direita de seu programa neoliberal para um programa desenvolvimentista.

Não temos ilusões sobre nossas chances com o DEM, e o próprio Ciro já deixou isso claro publicamente, mas isso não quer dizer que partes do centrão não possam fechar conosco. É por isso que trabalharemos.

A frente ampla sem unidade da esquerda não é ilusão, como sabiam muito bem Dino e Cappelli até pouco tempo atrás. Ilusão é uma frente ampla com o PT ou o sectarismo do PSOL. O PSOL jamais sequer aceitará compor com o PT para 2022, perseguindo seu objetivo de ocupar o nicho da esquerda “pura”. Que dirá com uma frente de esquerda. E onde o PT estiver, hoje, nenhum partido de centro e centro-direita estarão.

Porque o discurso de Cappelli deu essa guinada para a “frente de esquerda”? Deve ter a ver com suas visões e as de Dino quanto ao rumo a seguir agora. É legítimo, mas não posso deixar de pontuar que, na minha opinião, é ele que está disposto a nos vender ilusão. Nós estamos dando nossos passos à luz do dia e em praça pública, conhecemos a ilusão que ele quer nos vender muito bem e sabemos onde termina. Diante dela, até seguir outra ilusão seria mais racional.

Ainda acho preferível nos apegarmos à possibilidade, mesmo que pequena, de tirar parte da direita do barco neoliberal. Acreditamos que isso seja possível porque acreditamos que o país estará destruído e que eles sejam sobreviventes. Sem isso, nem em 2022, nem nunca, salvaremos nosso país.

Se não bastasse todos os méritos que Ciro tem, acrescenta a sua biografia mais esse: o de deixar claro qual é sua estratégia e condições dela. Seu procedimento é sempre feito claramente, à luz do dia, diante de todos. Sem arapucas, sem traições, e com 30 anos de coerência.

Esperamos que os companheiros do PCdoB escolham seu rumo adiante da melhor forma possível. O PCdoB tem sido nos últimos 30 anos o maior celeiro de quadros da política brasileira e é fundamental para o Brasil que sejam sábios nos seus próximos passos, assim como é fundamental para o Brasil que Dino saiba escolher seu destino agora. Não temos hoje mais dedos na mão esquerda do que quadros de sua envergadura. O Brasil não pode perdê-lo.

Todos precisamos calçar as sandálias da humildade, e estas sandálias agora tem nome: “O tempo do PT passou”.
Boa sorte a todos para a tarefa, sempre hercúlea, que temos pela frente agora para salvar nosso país.

Que os gênios imortais do Botafogo nos ajudem!




GABRIEL BARBOSA

Jornalista com passagens pelo Grupo de Comunicação O POVO (Ceará), RedeTV! e Band News FM.

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