Reportagem de hoje, do Estadão, mostra a tentativa de dois projetos de lei tirando o controle dos governadores sobre as Polícias Militares estaduais. 

A ideia central é conferir à polícia a mesma autonomia relativa dos Ministérios Públicos, com mandatos para os comandantes, obrigatoriedade de seguir a lista tríplice, assim como a hierarquia na definição das chefias.

Segundo o Ministério da Justiça, os projetos estão sendo preparados com entidades representativas dos militares, como a Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais e do DF (Feneme). Seu argumento é que deve existir semelhança com a hierarquia militar porque policiais e os bombeiros militares constituem a força auxiliar e reserva do Exército, de acordo com a legislação de 1969, em plena vigência do Ato Institucional número 5. 

Considere-se que o flerte aos militares não é exclusivo de Bolsonaro. João Dória Jr também aposta nessa área, com o estímulo às escolas militares.

Os pactos políticos

A mudança da natureza hierárquica das polícias passa pela Câmara. 

As disputas pela presidência da Câmara e do Senado caminham nessa direção. Hoje em dia, na Câmara, a disputa se dá entre um bolsonarista e um seguidor de Michel Temer. A probabilidade do grupo de Temer apoiar golpes, desde que participando do banquete, é total, faz parte de sua natureza. 

Pacto MMS

Assim como nos Estados Unidos de Donald Trump, também por aqui houve uma sanção do mercado a todos os abusos de Bolsonaro, em troca dos grandes negócios proporcionados pelo desmonte do Estado. Por aqui existe leniência similar, pelo mercado, mídia e STF. É fator determinante para permitir a Bolsonaro acumular forças para a tentativa futura de golpe.

Peça 2 – o avanço totalitário por fora

Por aí se incluem as milícias digitais e as milícias armadas ligadas aos Bolsonaro, e controladas pelo filho Eduardo. Note-se que um dos riscos da sublevação dos trumpistas são justamente as milícias armadas.

Por aqui, se tem dois anos de estímulo a se armas as populações, especialmente os Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs),  clubes de tiro e caça estreitamente ligados aos Bolsonaro. Sem contar as milícias historicamente ligadas à família.

Ontem, Bolsonaro anunciou novas medidas para facilitar anda mais a importação de armas. No ano passado houve aumento de 90% na venda de armas registradas,. Para este ano, espera-se aumento maior ainda.

Peça 3  – o cenário de 2022

Há semelhanças entre 2022 e 2002, ano em que a opinião pública deserdou o neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso, depois dos desastre da política cambial em 1999 e do apagão. Além disso, houve um enorme acirramento da miséria, agravdo pela crise econômica pós-1999.

Esses dois fatores reduziram as resistências da classe média ao PT.

Até 2022 se terá uma economia em frangalhos, o aumento ainda maior do desemprego, o fim da ajuda emergencial, um programa de vacinação nas mãos de gestores medíocres, acentuando o quadro de desespero. 

A diferença maior está na falta de uma oposição organizada e unificada.

Em cima desse quadro, há duas hipóteses para 2022:

  1. Bolsonaro catalisando o desespero. Nessa hipótese, ele chegaria a 2022 em condições de vencer as eleições. Sendo reeleito, teria a força política necessária para tentar o golpe final.
  2. Bolsonaro perdendo apoio. Havendo perspectiva de perdas das eleições, também tentaria o golpe final, conforme o ensaio nas últimas declarações de apoio a Trump. E encontraria pela frente uma oposição desorganizada, mesmo eventualmente elegendo um competidor.