Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação (Governo de SP)
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É muito difícil em tão pouco tempo formar juízo de um novo governo. Mas Tarcísio de Freitas conseguiu realizar essa proeza. Nada melhorou nem um pouco e tudo piorou muito em todos os aspectos da vida dos paulistas.
A começar pela segurança: nunca estivemos tão inseguros, nunca a polícia matou tanto, nunca o efetivo foi tão rapidamente precarizado, nunca houve um aumento tão grande no número de violência de gênero, a exemplificar a mais hedionda delas: o estupro e a violência de toda a sorte contra a mulher que, em São Paulo, 75% são vulneráveis. Quantas no total? 56,8 mil vítimas. Quase 10% maior do que no ano passado.
Os dados são não apenas da própria Secretaria de Segurança Pública, mas de ONGs que há décadas monitoram essa faceta do governo do Estado mais rico da federação.
Vale lembrar que todos esses índices sempre foram ruins nas gestões passadas, mas nos últimos 2 anos havia uma queda geral nesse universo. Incompetência? Má gestão? Desconhecimento do Estado? Falta de quadros competentes? Falta de vontade política? Possivelmente tudo isso ao mesmo tempo. Vejamos… O que foi aquela tentativa patética de mudança da Cracolândia para o bairro do Bom Retiro senão um retrato de tudo isso?
Mas houve algum avanço? Sim! Nas licitações e nos acordos para privatizar, se possível, até o ar que respiramos. Ele foi eleito pelas forças menos republicanas que existem nesse país. Então os seus “investidores” exigem retorno rápido, principalmente quando temos a possibilidade de uma economia nacional reaquecer de forma robusta.
Ora, se tudo o que é público será vendido, restará ao governo do Estado aplicar uma política de enforcamento do setor produtivo através de execuções fiscais seguindo uma lógica para lá de espartana.
O futuro desse governo não está escrito nas estrelas, mas em rodovias privatizadas, caras e esburacadas, no pão nosso de cada dia mais inflacionado e boa parte do funcionalismo público no olho da rua.
Tarcísio foi eleito para isso. Mas se esqueceu que daí não terá como manter o pacto municipalista que manteve os tucanos por incontáveis mandatos em São Paulo. O generoso interior paulista, que lhe deu o mandato, será o primeiro a ter fuga de indústrias, precarização de serviços e, na prática a falência de dezenas e dezenas de municípios.
O que o forasteiro vai conseguir fazer é a proeza de tornar São Paulo de “locomotiva do Brasil” para a “âncora de toda a nação”. Em 2024 Tarcísio terá que tomar uma decisão: ou enfrentará um fúnebre final de mandato ou vai tentar colar no governo federal. A última opção significa romper com Bolsonaro e se aliar de maneira explícita a Lula, o que fará a cabeça bovina de seu eleitorado entrar em parafuso. Quem é de esquerda não vai votar para reelegê-lo de qualquer forma…
No fim, Tarcísio fará uma outra proeza: será o governador que conseguirá desagradar a todos. A imprensa paulista, sempre obediente e leniente com os governadores daqui, vão se lembrar que Tarcísio não é um tucano. É - mais uma vez - apenas um forasteiro que em nada presta para o Estado. Essa imprensa fará o que há muito tempo não faz: vai romper com o governador na espera de algo melhor.
Aqui entrará em jogo a responsabilidade histórica que o PT deverá assumir. Ele terá que vencer as próximas eleições sob o custo de a sucessão paulista se “cariocar”, ou seja, sempre há espaço para piorar ainda mais as coisas. Devemos lembrar que dos escombros não surgem heróis e nem salvadores, mas os seres mais repugnantes e peçonhentos. A luta de resistência ao Tarcísio começa agora e deve começar do interior para a capital, não o contrário. O PT nacional tem que disciplinar suas bases no interior, pois muitas delas são despolitizadas e lutam por migalhas de um pequeno poder aferido pelos deputados estaduais. Ou seja, o diretório nacional terá que intervir no estadual.
Por isso reenfatizo minha análise de que o sucessor de Bolsonaro é Zema e não Tarcisio. Ambos devem ser combatidos. Tarcisio para evitar a barbárie estadual e Zema para evitar a barbárie nacional.
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