
Guerra em Israel (Foto: Reuters)
"Um questionamento sobre a dor dos outros"
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Guerras são formas patriarcais de fazer política. No patriarcado as guerras servem para unir vários maus afetos num circuito destrutivo e impotente: o desejo de dominar, de subjugar, o ódio, a inveja, a disputa, a humilhação, o rancor e o ressentimento encontram um espaço comum e mutuamente produtivo.
As guerras produzem lucro para a indústria das armas, mas como produto da indústria do espetáculo, elas ajudam a produzir e reproduzir o vazio mental e emocional das massas.
De fato, a guerra é uma mercadoria importantíssima na indústria do sofrimento e da tristeza sem a qual o capitalismo já teria sido superado.
A indústria da guerra é a indústria da tristeza que nos faz acreditar que a espécie humana não tem jeito, que devemos desistir de constituir uma comunidade humana feliz e justa, baseada na generosidade e na solidariedade, no respeito e no cuidado.
Contra a guerra, a compaixão como capacidade de imaginar o sofrimento dos outros é um sentimento cada vez mais raro que se torna, ao mesmo tempo, cada vez mais urgente. Infelizmente, a compaixão não faz parte do capitalismo. Ela foi extirpada do próprio cristianismo em sua unidade cada vez mais extremista com o capital.
Resta saber se somos capazes de retomar a nossa imaginação sobre a dor dos outros e buscar caminhos para eliminar o sofrimento do mundo.
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