terça-feira, 21 de novembro de 2023

Acadêmicos dos EUA documentam o papel de seu país na Lava Jato

(Foto: Reuters)

Promotores da Lava Jato violaram a segurança nacional do Brasil, impondo multas a empresas após investigações nos EUA


Um novo artigo revisado por pares, publicado na revista acadêmica trimestral da Universidade da Califórnia, "Latin American Perspectives", prova, pela primeira vez em uma publicação acadêmica em inglês, que o Governo dos Estados Unidos desempenhou um papel ativo na investigação Lava Jato.

O artigo, resultado de 3 anos de pesquisa pelos professores universitários Bryan Pitts, Kathy Swart, Rafael Ioris e Sean Mitchell, juntamente com o sociólogo e jornalista Brian Mier do Brasil 247, documenta o fato de que o papel dos EUA na agora desacreditada investigação anticorrupção era de conhecimento público em 2016, quando tanto o Departamento de Justiça dos EUA quanto jornais importantes dos EUA, como o New York Times e o Washington Post, publicaram comunicações reconhecendo a parceria.

De dezembro de 2016 a junho de 2019, escrevem os autores, o Departamento de Justiça emitiu quatro comunicados de imprensa referentes à sua relação com o Ministério Público brasileiro no âmbito da FCPA e da Lava Jato. Na resposta de 7 de junho de 2020 do Procurador-Geral Adjunto Stephen E. Boy à carta de 20 de agosto de 2019 assinada por 14 congressistas dos EUA exigindo esclarecimentos sobre o papel dos EUA na Lava Jato e na prisão de Lula no ano eleitoral, todos os quatro comunicados de imprensa foram citados como mostrando que a relação entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos EUA era uma questão de domínio público.

Os autores também destacam um discurso sobre a Lava Jato feito em junho de 2017 pelo então Procurador-Geral Adjunto Kenneth A. Blanco no Atlantic Council (Departamento de Justiça, 2017a), no qual ele disse:

"No cerne da tremenda cooperação entre nossos dois países está uma forte relação construída com base na confiança. Essa confiança permite que promotores e agentes tenham comunicações diretas sobre evidências. Dada a estreita relação entre o Departamento e os promotores brasileiros, não precisamos depender apenas de processos formais, como tratados de assistência jurídica mútua, que muitas vezes levam tempo e recursos significativos para serem elaborados, traduzidos, formalmente transmitidos e respondidos."

Conforme documentado no artigo, isso levou a equipe de defesa de Lula a apresentar sua primeira petição para arquivar as acusações contra o presidente devido à colaboração ilegal com autoridades estrangeiras, argumentando que os promotores da Lava Jato subverteram a lei brasileira de segurança nacional ao contornar o Ministério da Justiça do Brasil e se comunicar informalmente sobre um caso pendente com autoridades estrangeiras.

Como exemplos de cobertura jornalística sobre o papel dos EUA na Lava Jato, o artigo cita um artigo de 2016 do New York Times que explicava que as multas recentemente impostas contra a Odebrecht e a Braskem em um tribunal dos EUA eram resultado de uma investigação conjunta por autoridades dos EUA, suíças e brasileiras, referindo-se ao lado brasileiro como "Operação Lava Jato".

O estudo conclui reclamando de como essas informações públicas sobre o envolvimento dos EUA na Lava Jato foram amplamente ignoradas por acadêmicos e jornalistas, afirmando: "Como acadêmicos escrevendo sobre o 'quintal' dos EUA (ou 'jardim da frente', como o presidente Joseph Biden colocou) (Casa Branca, 2022), de dentro da casa que essas metáforas implicam, temos a responsabilidade de examinar criticamente o papel muitas vezes oculto e inevitavelmente negado de nosso governo na região."

O artigo, que está programado para ser traduzido e publicado em português em breve, pode ser acessado aqui.


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