terça-feira, 14 de novembro de 2023

Como seguir em direção a São Francisco?

Joe Biden e Xi Jinping se reúnem em Bali 14/11/2022 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

As relações sino-americanas entraram no “tempo de São Francisco”

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Por Xi Pu (Rádio Internacional da China) - Há pouco, o anúncio oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China confirmou o “seguimento em direção a São Francisco”. Não foi fácil e há, ao mesmo tempo, expectativas e riscos.

I

Nos últimos anos, as relações entre a China e os Estados Unidos têm sido geladas. Entretanto, ultimamente o clima das relações entre os dois países parece se melhora gradualmente com os encontros realizados.

Em novembro de 2022, os chefes de Estados da China e dos Estados Unidos reuniram-se em Bali da Indonésia. No início de 2023, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou a sua visita à China. A viagem depois foi anunciada a ser adiada devido ao “cisne negro” de “dirigível perdido”. A seguir, o “rinoceronte cinza” da viagem do “trânsito” de Tsai Ing-wen aos Estados Unidos fez com que as relações sino-americanas saíssem do trilho.

Em junho, a visita de Antony Blinken à China foi finalmente realizada e em meses seguidos, estavam na China a Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, o enviado presidencial especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry e outros políticos norte-americanos. No fim de outubro, durante a sua visita aos Estados Unidos, Wang Yi declarou que os dois lados iriam “esforçar-se conjuntos para a realização do encontro entre os dois chefes de Estado em São Francisco”. Obviamente, os atos são esforços conjuntos para “seguir em direção a São Francisco”.

II

O fato de que as relações sino-americanas têm sido melhoradas ainda dentro do ano tem a ver com a tendência da época, mas a sua causa mais fundamental reside na busca do povo chinês pela cooperação, e nesse processo é imprescindível a mente aberta e o senso de responsabilidade da China.

Já em 1988, Deng Xiaoping disse, em um encontro com o então Secretário de Estado norte-americano, George Shultz, que as relações entre a China e os Estados Unidos precisavam se desenvolver e que esse desenvolvimento deveria ser tratado de uma perspetiva mais elevada, ou seja, a partir de uma perspetiva da salvaguarda da paz mundial e dos interesses de toda a humanidade.

É verdade que as relações sino-americanas transcendem o âmbito bilateral. Os dois países representam mais de um terço do PIB, quase um quarto da população, e cerca de um quinto do comércio do mundo. É exatamente com uma atitude de ser responsável para com o mundo, a história e os povos é que a China se compromete a promover as relações sino-americanas para que estas se estabilizem e melhorem verdadeiramente. É porque vê esse compromisso como um esforço para salvaguardar os interesses comuns dos dois países e dos dois povos e um contributo para a paz e a prosperidade do mundo.

Do ponto de vista dos Estados Unidos, é inevitável ir em mesma direção com a China porque têm de enfrentar os problemas internos e externos.

No domínio econômico, o limite da dívida pública dos Estados Unidos foi elevado por repetidas vezes e a inflação mantém-se alta. Quanto ao bem-estar do povo, os Estados Unidos estão inundados de drogas e o conflito social está cada vez mais grave. Olhando para o mundo, no recente conflito palestino-israelense, os Estados Unidos agem a favor de Israel, o que já suscitou a insatisfação da comunidade internacional. Há também a crise climática, a crise da Ucrânia...... Nenhuma destas pode ser revolvida sem cooperação com a China.

Por último, não podemos deixar de mencionar a necessidade da administração Joe Biden de estabilizar a economia para se preparar para as eleições de 2024. A melhoria das relações sino-americanas é mesmo a chave para a administração Joe Biden rapidamente tirar boas notas.

III

O reaquecimento das relações sino-americanas é do interesse de ambas as partes e condições devem ser criadas para o efeito. Ao mesmo tempo, é preciso estar ciente dos riscos. Os Estados Unidos certamente vão continuar construindo “pequeno quintal com cercas altas” para interromper o desenvolvimento da China.

Afinal, para os Estados Unidos, opressão e bloqueio não são o caminho certo. A China tem a gloriosa tradição de auto-fortalecimento, e o que Huawei faz já provou que a China tornará ainda mais forte no domínio onde há repressão dos Estados Unidos.

IV

As relações sino-americanas entraram no “tempo de São Francisco”, mas o caminho à frente não é fácil. Para seguir em direção a São Francisco não se pode contar com piloto automático nem com atalho, mais sim primeiro retornar aos consensos de Bali.

Quanto ao futuro jogo entre a China e os Estados Unidos, A Arte da Guerra de Sun Tzu já deixou claro que, para vencer, primeiro é preciso não ser derrotado pelo adversário. O resultado do duelo entre mestres tem a ver com mentalidade e resistência. Mais de 1,4 bilhão de chineses continuarão unidos, farão o que lhes compete e seguirão o seu próprio caminho. A história vai provar quem é correto.

*Xi Pu é um observador de assuntos internacionais com sede em Beijing

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