sábado, 10 de fevereiro de 2024

Reeleição do extremista Nayib Bukele em El Salvador deixa extrema direita brasileira salivando

O salvadorenho Nayib Bukele foi moldado na mesma forma que o ex-presidente dos EUA Donald Trump e outras figuras exóticas de extrema direita que ascenderam na última década. Foto: Shealah Craighead/Flickr

O fascínio pelo protótipo de ditador é tanto que MBL mandou militantes a El Salvador para acompanhar de perto a reeleição.

João Filho
intercept.com.br/

EL SALVADOR É UM PAÍS pequeno, de 21 mil quilômetros quadrados, 7 milhões de habitantes e pouca relevância no cenário internacional. Mas as suas últimas eleições receberam atenção especial da direita brasileira.

A reeleição do direitista Nayib Bukele em El Salvador foi muito festejada por aqui. Os bolsonaristas ficaram especialmente excitados, já que o salvadorenho conseguiu realizar os sonhos autoritários que eles não conseguiram.

Todas as instituições estão sob o pleno domínio de Bukele. A reeleição consolidou sua autocracia.

Após vencer a primeira eleição, o populista passou a controlar o parlamento, destituiu juízes da Suprema Corte, sufocou a imprensa livre, violou uma série de direitos humanos, colocou as Forças Armadas aos seus pés e ainda assim se reelegeu desfrutando de alta popularidade.

Assim como Jair Bolsonaro, Nayib Bukele fez das ameaças golpistas uma prática permanente. Chegou a ordenar uma invasão de militares armados no parlamento para pressionar deputados pela aprovação de um projeto do seu interesse.

A própria renovação do seu mandato representa um golpe contra a Constituição, que proíbe a reeleição. Essas são as credenciais democráticas do novo queridinho da direita brasileira.

O salvadorenho foi moldado na mesma forma que Bolsonaro, o argentino Javier Milei, Donald Trump nos EUA e outras figuras exóticas de extrema direita que ascenderam na última década.

De boné virado para trás e linguajar descontraído, o playboy de El Salvador usa a fórmula que tornou esses autoritários de direita populares em seus países: o discurso antipolítica, a luta contra o “sistema”, o demagogo combate à corrupção e o anticomunismo delirante.

Mas o que mais parece fascinar a reaçada brasileira é a política de tolerância zero com a criminalidade. De fato, a queda nos índices foi vertiginosa. Em 2015, El Salvador era um dos países mais violentos do mundo, com uma taxa de 106 homicídios a cada 100 mil habitantes — quatro vezes maior que a do Brasil. Ano passado, a taxa despencou para 2,4 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Hoje, 90% da população diz se sentir segura no país. Mas como o “ditador mais legal do mundo” — é assim que Nayib Bukele se autorrefere ironicamente — conseguiu atingir essa marca surpreendente? A resposta é simples: o salvadorenho ganhou poderes supremos depois que instalou um estado de exceção que era para ser provisório, mas se tornou permanente.

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