Madonna faz o L durante show em Copacabana (Foto: Reprodução)
Cantora oxigenou a luta contra retrocessos de uma era imersa em fascismos e nos recordou a possibilidade de existir um Brasil livre, tolerante e inclusivo
Tiago Barbosa
brasil247.com/
A catarse ativada por Madonna no Rio espantou a desfaçatez puritana e moralista instigada por anos em um Brasil assombrado pelas trevas do reacionarismo.
A artista exaltou a liberdade sexual e de gênero, a tolerância, a diversidade, a arte e a proteção dos marginalizados enquanto valores essenciais a uma sociedade acolhedora, inclusiva, plural.
Exatamente o inverso do obscurantismo típico do extremismo excludente e estigmatizante por trás da incitação à segregação e à violência - física e psicológica - contra a diferença.
De um reacionarismo ancorado na interpretação tosca da religião para validar ódio e desrespeito à individualidade - censura não rara feita de escudo por hipócritas para encobrir crimes sexuais e de outra natureza.
Madonna destroçou essa ideia medieval de país - e fez de uma forma brutalmente corajosa e ousada para frisar a naturalidade de atitudes demonizadas sob fundamentalismos.
Houve simulação de siririca, sexo oral, beijos na boca em gays, trans, peitos à mostra, nudez, a compreensão do corpo como vetor político a favor da liberdade.
Mais: ritual pagão, exaltação de comunidades periféricas, ode a personagens vitais à formação da identidade brasileira - como Paulo Freire - baseada na pluralidade e no progressismo.
E, sobretudo, o resgate das cores, da bandeira e da camisa do Brasil - uma releitura dos símbolos nacionais (roubados pelo bolsonarismo) à luz do apreço à diversidade, representada pela vigorosa Pabllo Vittar.
Logo ali, em Copacabana, o ninho fascista onde o tom verde e amarelo sinaliza decadência no culto ao delinquente da “família tradicional brasileira”.
Madonna oxigenou a luta contra retrocessos de uma era imersa em fascismos e nos recordou a possibilidade de existir um Brasil onde ser livre, tolerante e inclusivo rima com a nacionalidade.
Com coragem, valentia, convicção, sem vacilos ou covardias - a lição da arte para vivenciar todos os dias no país.
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