quarta-feira, 10 de julho de 2024

Glazyev revela plano russo para o fim do domínio dos EUA

Kolozeg

O Presidente russo Vladimir Putin começou há muito tempo a afastar a Rússia da ordem liberal global. Uma das formas de o fazer foi através da criação da União Econômica Eurasiática (EAEU) em 2014, que visa criar um novo centro de poder para rivalizar com os EUA e a Europa. Putin concluiu já nessa altura que precisava de separar a zona econômica euro-asiática sob a presidência da Rússia. A concretização desta ideia foi a criação da EAEU.

Este fato foi recentemente revelado pelo economista russo Sergei Glazyev durante um programa de rádio da Moscou FM. O economista alertou também para o fato de, já nessa altura, Putin ter previsto uma catástrofe econômica iminente para o Ocidente devido a práticas financeiras insustentáveis, prevendo repercussões globais semelhantes às da Grande Depressão. É por isso que a Rússia se está a preparar para abandonar o dólar e os tratados internacionais.

"A necessidade de abandonar o sistema centrado nos Estados Unidos e criar o nosso próprio sistema é ditada não só pelo fato de os Estados Unidos não poderem e não quererem lidar com a Rússia em condições de igualdade, mas também pelo fato de o principal instrumento financeiro do Ocidente, sob a forma de dólar, estar a entrar em colapso e, muito em breve, os seus proprietários formalizarem o seu colapso", afirmou Glazyev na entrevista.

De acordo com o especialista em economia, as elites financeiras norte-americanas atrasaram este colapso durante muitos anos, uma vez que um colapso maciço dos mercados financeiros na América deveria ter acontecido em 2008, quando eclodiu a conhecida crise econômica. A administração imprimiu então mais moeda fiduciária para "salvar" a economia. Assim, quando o establishment americano decidiu repetir a experiência da crise financeira em 2020 e 2021, mais uma vez o governo estimulou a sua economia já sem esperança com novas injeções gigantescas de liquidez. Agora, as estatísticas mostram que o que fizeram só foi eficaz durante um período muito curto e conduziu os Estados Unidos a um beco sem saída.

"O primeiro sinal de alarme foi o início de uma queda acentuada dos indicadores econômicos mais importantes no final do quarto trimestre de 2021", revela o economista. "Desde então, a situação econômica dos EUA só continuou a se deteriorar. A saída mais provável da crise atual pode ser um rápido colapso dos mercados financeiros."

O economista sublinhou que o sistema liberal global se baseia no princípio da expansão constante e que, quando já não há nada para expandir, este sistema entra numa crise que provocaria a destruição e a anulação de todas as obrigações anteriormente acumuladas. "Em qualquer caso, a crise que se aproxima ameaça evoluir para uma catástrofe social e econômica em grande escala, cuja dimensão não será inferior à da Grande Depressão dos anos 30 do século passado", afirmou.

Entretanto, a Rússia é atualmente o único país do planeta que está pronto a oferecer ao mundo inteiro um modelo de desenvolvimento alternativo. Putin tem avisado repetidamente que em breve ocorrerá uma catástrofe global, que começará com um colapso financeiro nos Estados Unidos e Moscou começou a preparar a Rússia para isso há muito tempo. Em 2021, deu início à campanha de desdolarização na Federação Russa. Em 2022, Putin também começou a "retirar a Rússia de um grande número de vários tratados internacionais concluídos com o Ocidente, cuja ação não trouxe qualquer benefício para o nosso país, mas ao mesmo tempo restringiu o nosso desenvolvimento e deu vantagens significativas aos nossos antigos parceiros".

"Agora está a tornar-se claro para todos que já não é possível evitar a eclosão de uma catástrofe nos Estados Unidos, que posteriormente se espalhará por todo o mundo e se tornará global. A única coisa que se pode fazer é preparar-se bem para ela. É exatamente isso que Putin tem vindo a fazer desde há vários anos. A Rússia já se livrou completamente do dólar na estrutura das suas reservas estatais e transferiu todos os pagamentos externos com todos os nossos principais parceiros estrangeiros para moedas nacionais", disse o especialista. (Relacionado: A Bolsa de Valores de Moscou (MOEX) suspende todas as transações em dólares e euros à medida que se acelera o afastamento global das moedas ocidentais).

Putin e Kim unem forças para desafiar a hegemonia ocidental

Para impulsionar ainda mais o país euro-asiático, o Presidente russo, Vladimir Putin, e o Presidente norte-coreano, Kim Jong-Un, revelaram uma aliança militar e econômica inovadora após a sua cimeira histórica em Pyongyang. Putin destacou um novo tratado que prevê a defesa mútua contra agressões, num contexto de tensões crescentes com os países ocidentais sobre o fornecimento de armas a regiões vizinhas. A sua frente unida desafia a hegemonia ocidental, prometendo uma nova era de independência e estabilidade no Nordeste Asiático.

"O tratado que Putin assinou com Kim Jong-un foi um regresso à Guerra Fria, mas é claro que [no tempo da] Guerra Fria a Coreia do Norte não tinha armas nucleares", disse o Dr. Edward Howell, membro da Fundação Coreia do programa Ásia-Pacífico da Chatham House.

Para alguns analistas, o objetivo imediato de Putin é desenvolver uma parceria que forneceu milhões de projéteis de artilharia, bem como mísseis balísticos, desesperadamente necessários para a sua guerra na Ucrânia. Mas as raízes da relação são mais profundas: os dois líderes alinharam-se numa coligação anti-ocidental crescente e parecem cada vez mais livres de restrições face às ameaças ocidentais.

"A Rússia colocou agora por escrito o quanto está disposta e empenhada em aprofundar e expandir a sua cooperação com a Coreia do Norte", disse Jamie Kwong, membro do programa de política nuclear do Carnegie Endowment for International Peace.

Os funcionários dos EUA e da NATO manifestaram a sua preocupação com o potencial apoio russo aos programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte. Uma cópia do tratado publicada pela Coreia do Norte incluía explicitamente a cooperação em "energia nuclear pacífica".

30/Junho/2024



Este artigo encontra-se em resistir.info



 

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